NOITE PROFUNDA NUM REINO SOMBRIO
Já era uma noite profunda,
Mas eles ainda esgueiravam,
Com toda a fome que abunda,
Enquanto a miséria imperava.
Num reino sombrio e deserto,
Somente a nobreza exultava,
E o povo só tinha o incerto,
Do ventre sofrido sem nada.
Todo desespero é um dilema,
Mas eu acredito em bondade,
E sempre dou pão e o poema,
A quem já desdenha a saudade.
Durante todo essa existência,
Eu sofro ao ver um miserável,
Seja por causa de uma potência,
Ou um Pindorama de tez variável.
Não é consolo saber que há dor,
Nem me acalma ver gente sorrindo,
Ante o descaso do rico senhor,
Que faz meu verbo ser tão ferino.
Isso se deve ao que ainda ouço,
Vindo de quem deveria ser justo,
Pois se não precisa roer um osso,
Ter bom caráter é partilhar o lucro.
Nunca planeje ser dono de tudo,
Pois esse é um dom só de Deus,
E não se engana um amigo culto,
Porque ninguém volta do adeus.