Libertação
Vejo um corpo sobre a cama.É mais que um corpo é tua alma aprisionada num cárcere de músculos, pele e ossos.
Teus olhos parados no tempo vislumbram muito mais que os meus que nesta hora observam-te.
Quero ter o poder de dizer-te: Vá!Liberta-te deste cativeiro!
Este não me foi dado, contudo rogo ao Ser Supremo que seja Ele o executor de tua carta de alforria.
Vá alma cansada!Teu tempo aqui se findou!Busca no astral tuas inspirações maiores.
Não sei o que fomos em outros séculos ou o que somos neste tempo...
Na matéria, carrego parte de teu DNA, mas no astral desconheço nossa aliança.
Ser Supremo tende piedade desta irmã!Deixa-na ir!Rogo-Te na Tua infinita bondade!
Ali, está um corpo inerte, respiração dificultada, quase inexistente pelas constantes apnéias.
Apenas isto!Nada mais!
Como olhar este corpo e ali ver a centelha do que foste?Este aguarda a hora do passamento.
Sem ação, não detenho pensamentos.Deixo a ação reflexa dos dedos segurando a pena levar-me.
Perdi a esperança de ver a carne ativa.Será erro?
Peço apenas ao Ser Supremo a libertação do teu espírito.Será pedir demais?