Deus Requer Santificação aos Cristãos 20

Publicado por: Silvio Dutra Alves
Data: 05/12/2021
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Texto: Silvio Dutra Voz: Silvio Dutra

 

 

 

 

 

“Portanto, se fostes ressuscitados juntamente com Cristo, buscai as coisas lá do alto, onde Cristo vive, assentado à direita de Deus. Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da terra; porque morrestes, e a vossa vida está oculta juntamente com Cristo, em Deus. Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então, vós também sereis manifestados com ele, em glória. Fazei, pois, morrer a vossa natureza terrena: prostituição, impureza, paixão lasciva, desejo maligno e a avareza, que é idolatria; por estas coisas é que vem a ira de Deus [sobre os filhos da desobediência]. Ora, nessas mesmas coisas andastes vós também, noutro tempo, quando vivíeis nelas. Agora, porém, despojai-vos, igualmente, de tudo isto: ira, indignação, maldade, maledicência, linguagem obscena do vosso falar. Não mintais uns aos outros, uma vez que vos despistes do velho homem com os seus feitos e vos revestistes do novo homem que se refaz para o pleno conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou;” [Cl 3: 1-10]

 

O conhecimento genérico dos princípios relativos à santificação, por uma exposição teológica é importante e necessário, mas além deste deve haver um conhecimento prático que nos vem pelas experiências adquiridas ao longo da nossa vida, decorrentes do enfrentamento das mais diversas circunstâncias reais em que somos colocados à prova.

Por que há tentações que nos vêm do nosso próprio interior, e outras que são externas por ataques desferidos por demônios?

Como responder às calamidades e perdas que nos sobrevêm?

Como conhecer e mortificar atitudes, sentimentos, emoções, pensamentos que são inerentes ao velho homem?

Como ter bom ânimo em meio a enfermidades?

Estas e outras questões devem ser levantadas, para que através de uma resposta adequada possamos efetivamente ser achados vitoriosos através de um viver santificado e piedoso.

Em primeiro lugar, é preciso estar firmemente convicto na fé, de que de fato todas as coisas cooperam juntamente para o bem dos que amam a Deus - mesmo a  que possa nos parecer a pior delas, e a que tenha maior poder para nos levar a entristecer o Espírito Santo, há de cooperar para nos conduzir ao convencimento de qual seja o nosso real estado de fraqueza e ignorância, de modo que possamos recorrer a Jesus Cristo para achar perdão, descanso, paz, e renovação de mente e vida.

 

Sabemos que nada podemos fazer sem Cristo, e que é o Espírito Santo que tudo realiza em nós, tanto quanto ao querer quanto ao efetuar, mas também é importante saber que isto não significa, que devemos cruzar os braços e ficar aguardando por suas operações em nós, especialmente nos momentos em que somos colocados à prova por Deus, para o exercício da nossa fé.

Por exemplo, quando estamos entristecidos e abatidos por coisas que nos sucederam, podendo inclusive chegar a ponto de desesperar da vida, como havia ocorrido com o apóstolo Paulo, em sua experiência em Damasco. Ele teve que fugir dos seus perseguidores, tendo sido colocado em um cesto.

Mesmo em seu estado calamitoso e perigoso, ele continuou crendo e esperando em Deus pelo livramento, mas teve que agir também em conformidade com a necessidade da hora -  assim, também nós devemos usar todos os recursos lícitos e necessários que estiverem ao nosso dispor, pois nisto daremos prova da nossa fé em Deus, ainda que enfraquecidos pelas dificuldades que nos sobrevieram.

Clamaremos a Ele no dia da angústia, quantas vezes for necessário, e podemos ter certeza de que Aquele que nos fez a promessa de nos livrar é fiel, e por fim o glorificaremos por nos ter assistido em nossas tribulações. [Sl 50: 15]

 

Pela graça e santidade temos certeza infalível que o ser, a vida, a continuidade, e todas as ações da graça, em qualquer um dos filhos de homens, dependem apenas de sua relação com aquela fonte de toda graça que está em Cristo, e os suprimentos contínuos dela, pelo Espírito Santo, cujo trabalho é comunicá-las. [Cl 3: 3; Jo 15: 5; Cl 2: 19]

Não há homem que tenha alguma graça verdadeira e salvadora, alguma semente, qualquer início de santificação ou santidade, que o Espírito Santo, por seu vigilante cuidado e suprimento, não seja capaz de preservá-lo, retirá-lo de dificuldades para libertá-lo da oposição, e aumentá-lo em sua medida completa e perfeição, portanto:

"Por isso, restabelecei as mãos descaídas e os joelhos trôpegos." [Hb 12: 12]

 

Tratamos com Aquele que "não apagará o pavio fumegante nem quebrará a cana ferida."

Mas, Ele o faz com o propósito de nos reacender e curar,  a fim de que possamos servi-Lo. E, do outro lado, ou seja, da parte do crente, não há nenhum que recebeu graça em tal medida, nem tenha confirmado essa graça, por exercício constante e ininterrupto, para que possa preservá-la mesmo por um momento, ou ficar em qualquer instância ou dever, sem suprimentos contínuos de nova graça , e real ajuda dAquele que trabalha em nós, para querer e fazer - porque nosso Senhor Jesus Cristo diz aos Seus apóstolos, e através deles a todos os crentes, até mesmo aos melhores e os mais fortes deles;

"Sem mim nada podis fazer", [Jo 15: 5]

 

Aqueles que por si próprios nada podem fazer, isto é, numa forma de viver para Deus, não podem por si mesmos preservar as graças, ou aumentá-las, pois essas são as melhores coisas que são trabalhadas em nós, neste mundo.

Deus, em infinita sabedoria ordenou a dispensação de Seu amor e graça aos crentes; a todos aqueles que vivem do contínuo suprimento de Seu Espírito, pois ninguém pode ter causa para desmaiar ou desanimar, nem ocasião para autoconfiança ou exaltação mental.

"a fim de que ninguém se glorie  na presença de Deus".

"para que, como está escrito: Aquele que se gloria, glorie-se no Senhor".
” [1 Co 1: 29, 31]

 

Portanto, Ele encoraja muito os fracos, os medrosos, os desconsolados e abatidos; Ele o faz envolvendo todas as propriedades santas de Sua natureza, em e para sua ajuda.

Assim também, Ele adverte aqueles que supõem que são fortes, constantes e inamovíveis, "para não serem altivos, mas temerem" [Rm 11: 20],  porque todo o resultado das coisas depende de Seu suprimento soberano de graça.

 

Logo, vendo que Ele prometeu na aliança continuar fielmente esses suprimentos para nós, há base para a fé dada a todos, porque a ocasião para presunção não é administrada a ninguém. Mas, vai ser dito que;

"Se não apenas o início da graça, santificação e santidade vem de Deus, mas a continuação e o aumento também vêm dEle; não apenas em geral, mas se todos os atos da graça, e cada ato dela, é um efeito imediato do Espírito Santo;

- então que necessidade existe de nós tomarmos qualquer dor nisso, ou usarmos nossos próprios esforços para crescer na graça ou santidade, enquanto somos comandados a fazer?

Se Deus opera tudo isso, e não podemos fazer nada sem Sua operação eficaz em nós, então não há lugar deixado para a nossa diligência, dever ou obediência."

 

Resposta 1:

Devemos esperar encontrar essa objeção, a cada passo. Homens não vão acreditar que há uma consistência entre a graça eficaz de Deus e nossa obediência diligente, isto é, eles não acreditarão no que é clara e distintamente revelado na Escritura, que corresponde à experiência de todos aqueles que realmente acreditam, porque não podem compreendê-lo dentro da esfera da razão carnal.

 

Resposta 2:

Deixe o apóstolo responder a esta objeção desta vez. 

"Visto como, pelo seu divino poder, nos têm sido doadas todas as coisas que conduzem à vida e à piedade, pelo conhecimento completo daquele que nos chamou para a sua própria glória e virtude, pelas quais nos têm sido doadas as suas preciosas e mui grandes promessas, para que por elas vos torneis coparticipantes da natureza divina, livrando-vos da corrupção das paixões que há no mundo."  [2 Pe 1: 3, 4]

Se todas as coisas que pertencem à vida e à piedade nos forem dadas pelo poder de Deus, entre as quais, sem dúvida, está a preservação e aumento da graça; e se recebemos dEle aquela natureza divina em virtude da qual nossas corrupções são subjugadas, então pode-se objetar:

"Qual a necessidade de quaisquer empreendimentos de nós mesmos?"

 

Toda a obra de santificação é operada em nós, pelo que foi evidenciado pelo poder de Deus, portanto podemos deixá-los em paz  para aquele a quem pertence, enquanto são negligentes, seguros e à vontade.

"Não", diz o apóstolo; "isto não é o uso que deve ser feito da graça de Deus.”

A consideração é, ou deveria ser, o principal motivo e incentivo a toda diligência para o aumento de santidade em nós.

Ele rapidamente acrescenta, versículo 5;

"Mas também por esta causa," ou, por causa das graciosas operações do poder divino em nós, "dando toda a diligência, acrescente virtude à sua fé", como afirmado antes.

Esses objetores e este apóstolo tinham uma mente muito diferente nesses assuntos. O que eles tornam um desânimo insuperável à diligência na obediência, ele torna o maior motivo e encorajamento para isso.

 

Em Rom 8: 13, é dito que devemos mortificar as obras do corpo, pelo Espírito Santo, para que vivamos.

Ora, é sem dificuldade que se depreende, que é nosso dever vigiar para não cairmos em tentações e pecados, e nos abster da prática de certos pecados habituais, para que sejamos santificados; esta é a nossa parte, pois a obra em si de mortificar estes pecados será realizada pela operação do Espírito Santo, senão poderemos estar apenas evitando-os, e não tendo real aversão por eles, a ponto de sermos trabalhados na própria raiz do nosso antigo desejo por eles.

E assim, cabe a nós orar, meditar na Palavra, e nos dispor a obedecê-la por amor e honra ao Senhor e à Sua glória, para que o trabalho de santificação possa ser realizado por Ele em nós.

É assim que deve ser entendida também, a exortação que nos é dirigida para nos despojarmos do velho homem e de nos revestirmos de Cristo, pois tal poder de realização não está em nós mesmos, mas certamente não o teremos, caso não sejamos diligentes nas coisas e meios que são requeridos de nós, na Palavra de Deus, para tal efeito.

 

3. Eu digo, isso inevitavelmente resultará desta consideração, que devemos esperar continuamente, e depender de Deus para o suprimento de Seu Espírito e graça, sem o que não podemos fazer nada.

Essas coisas, eu digo, inevitavelmente seguirão da doutrina declarada antes; que por sua graça, Deus é mais o autor do bem que fazemos, do que nós mesmos.

"... não eu, mas a graça de Deus comigo". [1 Co 15: 10]

- Devemos ter cuidado para não provocar o Espírito Santo para reter Suas ajudas e assistências por nossa negligência e pecado, e assim nos deixar por nós mesmos; nessa condição, não podemos fazer nada que seja espiritualmente bom.

Se algum estiver ofendido por essas coisas, não está em nosso poder prestar-lhe alívio, pois é ao que se humilha que Deus concede a graça, e por nos mantermos fiéis a Ele em tudo o que exige de nós, em completa reverência, temor e obediência a Ele, que somos santificados, pois não há outro modo de recebermos as comunicações graciosas do Espírito Santo, sem que sejamos achados em espírito, assim como o apóstolo João se achava em Patmos, quando recebeu as revelações do Apocalipse.

Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 29/10/2021
Reeditado em 05/09/2022
Código do texto: T7374343
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