TRISTE INVERNO
Entristecia-me só de pensar na chegada do inverno.
Mas era inevitável. Ele viria, eu querendo ou não.
Estávamos ainda no mês das noivas e eu não me continha de contentamento.
A minha amada estava feliz ao meu lado. Eu então, não imaginava que o inverno viria implacável.
Os dias se sucediam numa velocidade espantosa.
Parecia que tudo conspirava contra mim e os meus sonhos.
Não percebia a tristeza que invadia também o coração do meu amor, imaginando que era coisa passageira.
E o inverno chegou. Na véspera o termômetro marcava dez graus Celso prenunciando baixas temperaturas.
Ainda assim eu nada percebia, posto que fosse normal tudo esfriar no inverno.
Mas não era só isso que acontecia. O pior estava por vir.
Com a chegada do inverno veio também no pacote à despedida daquela que eu amava tanto.
Sem briga, sem discussão, sem altercações, aliás, sem um motivo plausível o meu amor apenas disse que ia partir.
E o pior: Afirmava que não tinha certeza de que voltaria.
Assim quando o inverno chegou o meu amor partiu, despedaçando o meu frágil coração.
Daquele inverno em diante continuo na espera do outono e do verão para recobrar a minha alegria que também partiu.
Nota:
A música de fundo inserida neste poema resulta de uma gravação muito simples, ainda num antigo gravador de fita K7, repassada para o PC. Trata-se de A MÚSICA DA MONTANHA (trilha sonora do filme ANÔNIMO VENEZIADO) exibido no final dos anos 60, começo do ano de 1970. Naquela época e ainda não era violonista.