Corro, canto, sorrio, me aborreço. Os minutos transcorrem, me esqueço. Sou vento rebelde que estraçalha os vidros da comunidade. Sou brisa calma de outono em uma bela tarde. Converso sobre o tempo, a vida, literatura... Emito certas opiniões, discordo com convicção, embasado em cruas razões. Respiro, olho para um determinado ponto, e penso. Divago nesses pensamentos com total liberdade, e desenho uma rota óbvia à minha frente. Vivo pra obter o máximo de conhecimento possível. Deito sobre as folhas dispersas pelo chão, viro as páginas e de repente: amanheço num recanto inteligível! Não tenho temor em minhas entranhas. Ando desenvolto nessa vida racional, que se descobre inteira para mim. Triste em boa parte, feliz em outra porção similar. Assim é como deve ser. Sem projeções futuras nas estradas absurdas da imaginação humana! Trabalho, descanso, me divirto, recebo o ordenado do mês. Suor abundante em prol da família. Nada aos abutres engravatados! Nada aos covardes, que desnudam a alma das pessoas com palavras engenhosas. Vejo multidões despejando o seu ouro sem qualquer tipo de contestação. Em contrapartida, há os que realmente precisam desesperadamente dessa cega compaixão! Mestres do discurso desfilam pelo assoalho com sorrisos falsos nos lábios, num bom-humor afinadíssimo. Armadilhas invisíveis embutidas em contextos sensíveis. Verdade milenar imersa num oceano de mentira! A noite se foi, e ainda continuamos vivos, mesmo que avesso a toda essa suposta necessidade. Formam-se ideias a cada milésimo de segundo. Seguimos à risca por todo o percurso, e, em muitas vezes: observamos que houve certo equívoco, e retornamos para outro ponto de partida. Simples, natural, sem qualquer tipo de orgulho. Nada está certo, e nada é imutável.
Alexsandro Menegueli Ferreira- 08 de fevereiro de 2014