Homo de que?

Publicado por: Sanoj Agerbon
Data: 20/08/2021
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Créditos

Título: Homo de que? Leitura do conto. Autor e voz: Sanoj Agerbon.

Homo de que?

Salvei os porcos dos humanos.

No meu altruísmo.

No que me fez transcender.

No meu ato heróico.

Fui jogado às traças.

As traças não me quiseram.

Fora o melhor de mim?!

Daquele momento,

tornei-me indiferente aos homens.

Não podia mais comer.

Me faltava o alimento,

a mesa, a cadeira e o aquecimento.

Saciei-me da plenitude da condição humana.

Pleno, deveria então ser autossuficiente.

O que de tão perfeito,

a autofagia seria o processo,

pelo qual viveria.

Clamei aos porcos por água e comida.

Estes me cederam o resto da lavagem,

com a qual os humanos os alimentavam.

Não era a lavagem com a qual…

Nem o resto com o qual os humanos...

Era o resto!

Era o resto dos porcos.

Era uma comida muito insalubre.

Até ao humano pleno e altruísta.

Homo sapiens condicionado, a nutrir-se,

a dieta primata.

As micro e macro moléculas.

Além claro de sentimentos.

Passaram-se tempos.

Jogado hierarquicamente abaixo dos porcos.

Acima apenas das traças.

Morrendo de fome.

Matei um porco.

E comi.

Na mesa.

Com cadeira.

Aquecido.

Primata.

Homo.

Tornei-me apenas sapiens.

Altruísta dinâmico.

Sapiente.

Vivo.

Sanoj Agerbon

Sanoj Agerbon
Enviado por Sanoj Agerbon em 18/08/2021
Código do texto: T7323705
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