Salvei os porcos dos humanos.
No meu altruísmo.
No que me fez transcender.
No meu ato heróico.
Fui jogado às traças.
As traças não me quiseram.
Fora o melhor de mim?!
Daquele momento,
tornei-me indiferente aos homens.
Não podia mais comer.
Me faltava o alimento,
a mesa, a cadeira e o aquecimento.
Saciei-me da plenitude da condição humana.
Pleno, deveria então ser autossuficiente.
O que de tão perfeito,
a autofagia seria o processo,
pelo qual viveria.
Clamei aos porcos por água e comida.
Estes me cederam o resto da lavagem,
com a qual os humanos os alimentavam.
Não era a lavagem com a qual…
Nem o resto com o qual os humanos...
Era o resto!
Era o resto dos porcos.
Era uma comida muito insalubre.
Até ao humano pleno e altruísta.
Homo sapiens condicionado, a nutrir-se,
a dieta primata.
As micro e macro moléculas.
Além claro de sentimentos.
Passaram-se tempos.
Jogado hierarquicamente abaixo dos porcos.
Acima apenas das traças.
Morrendo de fome.
Matei um porco.
E comi.
Na mesa.
Com cadeira.
Aquecido.
Primata.
Homo.
Tornei-me apenas sapiens.
Altruísta dinâmico.
Sapiente.
Vivo.
Sanoj Agerbon