Pingo de cacho quebrado,
adaga sob os pelegos;
cantam esporas nas pedras
pra avisar quando chego...
Guardo horizontes nos olhos,
distâncias no coração...
Risquei os mapas da pampa
de rédea firme na mão!
Garanto o meu sustento
só com a força do braço
e quando falta serviço,
me viro bem com meu laço!
Fiz fama pelas carreiras
e nas carpetas de truco,
se a sorte não negaceia
eu multiplico meu lucro!
Gastei esporas e rumos
domando estradas e potros;
se fiz cavalos de lei
foi sempre pra o andar dos outros...
Herdei distâncias e penas,
poncho com marcas de bala
e uma garrucha sem nome
que “hace tiempos” não fala!!
Não saco as armas do cinto
pra brigar por ninharia,
nem sujo as mãos com o sangue
da inveja ou da covardia...
Mas quando o baile se encrespa
e o candeeiro se apaga
pra garantir a coragem,
a precisão de uma adaga!
Conheço bem os atalhos
que existem pelo caminho;
às vezes levam às flores
n’outras conduzem a espinhos...
A estrada é feita de rumos,
sempre chegar ou partir;
e eu sigo andando a esmo
como quem foge de si...
Versos musicados por Mano Júnior