QUANDO O VAQUEIRO ENVVELHECE!!! (toada de vaqueiro)
Quando vaqueiro envelhece
Vai embora pra cidade
Sofrer desprezo e mau trato
É o tempo cruel e ingrato
Que lhe expulsou do mato
Pra que morra de saudade
Deixando a vida do campo
Entra logo em desengano
Essa mudança lhe humilha
Por sair da sua trilha
Até parece uma ilha
Que deixou oceano
O pranto rola na face
Com a mudança tirana
Sofre pra mais do contrato
Sem ter fome empurra o prato
Prefere olhar pro retrato
Daquela antiga umburana
Melancolia e tristeza
Invadem seu coração
Ao lembrar das vaquejadas
Das campinas orvalhadas
Do mugido das boiadas
E do seu velho alazão
Ao relembrar das cocheiras
A saudade lhe atormenta
Recordando esse passado
Que conviveu com o gado
De tão emocionado
O coração não aguenta
Daquela vida campestre
A saudade é permanente
Seu velho peito destroça
Ao lembrar da sua roça
Daquela humilde palhoça
Que sentava no batente
Vem-lhe na mente a lembrança
Da poeira e do orvalho
Da vaca branca e do touro
Do velho gibão de couro
Não pode conter o choro
Lembrando o som do chocalho
Ao lembrar daquele outrora
Que foi tão forte e valente
Para pegar qualquer rês
Recorda tudo que fez
Hoje na invalidez
Resta tristeza somente
Quem antes já foi tão forte
Ora só resta o retraço
Já foi tão bravo e valente
Agora fraco e doente
Transformou-se de repente
Na imagem do fracasso
Relatando esse passado
Demonstrou sua bravura
Está tristonho e chorando
Cabisbaixo relembrando
Resignado esperando
A morte e a sepultura
Carlos Aires