Cumade num chore não
Por teu marido lavrador
Esse valente camponês
Quantos filhos mortos
Essa luta já num fez
Alembra não tá sozinha
A dor coletiva não tem viuvez
Num chore não cumade
A luta apenas começou
Camponês é como estaca
Fincado na terra brava
Já quando nasce desata
Destino que ninguém mata
Quem pode saber do momento
Que a salamanta dá cria
É aquele que segue o seu rastro
Escuta o gemer da cutia
Enfrenta tocaia no mato
E o fogo da pontaria
Pior que cobra é o medo
O enredo da traição
Qual novilha desgarrada
Marcada pelo patrão
Trocou rebanho de leite
Pela estronca e o mourão
Seu Bastião meu cumpade
O patrão num dá futuro
Trair os seus companheiros
Pelas migalhas do apuro
Por uma quarta de terra
A cova é lugar mais seguro
Mesmo que tombem milhares
E fique o luto marcado
Mesmo assim brotará
Semente nesse roçado
Viver do bem coletivo
O sonho será lavrado