Casa velha
Num recanto solitário
Cheira a mistério
Nos olhos de quem ver nada
Entra o dia pela noite
No canto da cotovia
Relâmpago corta o vazio
Clareia toda muralha
Onde dorme a antigalha
Um fantasma imaginário
Mora dentro do armário
Nas escadas de batentes
O arrastado de correntes
De madrugada é lua calma
Que chora de claridade
É a única amizade
Daquela bela antigalha
Nas ondas da ventania
Bate as portas é fantasia
O sino bate a hora
O canto nasce
Nas varandas da aurora.