Deus Requer Santificação aos Cristãos 16

Publicado por: Silvio Dutra Alves
Data: 29/11/2021
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Texto: Silvio Dutra Voz: Silvo Dutra

 

 

 

 

 

 

“Todo aquele que é nascido de Deus não vive na prática de pecado; pois o que permanece nele é a divina semente; ora, esse não pode viver pecando, porque é nascido de Deus.” [I João 3: 9]

 

“Portanto, despojando-vos de toda impureza e acúmulo de maldade, acolhei, com mansidão, a palavra em vós implantada, a qual é poderosa para salvar a vossa alma. Tornai-vos, pois, praticantes da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos. Porque, se alguém é ouvinte da palavra e não praticante, assemelha-se ao homem que contempla, num espelho, o seu rosto natural; pois a si mesmo se contempla, e se retira, e para logo se esquece de como era a sua aparência. Mas aquele que considera, atentamente, na lei perfeita, lei da liberdade, e nela persevera, não sendo ouvinte negligente, mas operoso praticante, esse será bem-aventurado no que realizar.” [Tg 1: 21-25]

 

“Tendo purificado a vossa alma, pela vossa obediência à verdade, tendo em vista o amor fraternal não fingido, amai-vos, de coração, uns aos outros ardentemente, pois fostes regenerados não de semente corruptível, mas de incorruptível, mediante a palavra de Deus, a qual vive e é permanente.”  [I Pe 1: 22,23]

 

Veja que em todos os três textos citados é ordenado o despojamento de toda forma de impureza e maldade, com vistas ao amor, devido ao fato de ter sido implantada no crente a semente da verdade da Palavra de Deus, a qual é incorruptível. Realmente, se não houver a realização deste trabalho de purificação, a que Tiago chama de praticarmos a Palavra, não é possível haver unidade em amor entre os crentes. Eles poderão ter companheirismo civilizado e outras coisas de mesma natureza, mas jamais o vínculo de amor em unidade espiritual que é realizado pela operação do Espírito Santo neles e entre eles.

O fruto do amor do Espírito só pode ser gerado por uma árvore que cresceu até o ponto de poder gerá-lo; além disso, a árvore tem que ser feita boa pela sua purificação e habilitação para gerar bons frutos, então daí decorre que necessitamos deste crescimento em santidade para sermos carregados com os frutos de amor e de justiça, que não somente serão para o agrado e glória de Deus, como também para podermos viver em unidade com nossos demais irmãos na fé.

 

A obra de santidade, em seu início é como uma semente lançada à terra, a saber, a semente de Deus, pela qual nascemos de novo. E, sabemos como a semente que é lançada na terra cresce e aumenta; se cultivada e nutrida, sua natureza é criar raízes e brotar, dando frutos.

Então, dá-se o mesmo com o princípio da graça e santidade; é pequeno no início, mas sendo recebido em corações bons e honestos, assim feitos pelo Espírito de Deus, nutridos e cuidados,  cria raízes e produz frutos; e ambos, o primeiro plantio e o aumento dele são igualmente de Deus, por seu Espírito.

"Estou plenamente certo de que aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus".   [Fp 1: 6]

O Espírito Santo faz isso de duas maneiras:

Primeiro, aumentando e fortalecendo aquelas graças de santidade que temos recebido, e nos empenhado em exercer. Existem algumas graças, cujo exercício não depende de nenhuma ocasião externa, mas em seu exercício real, elas são absolutamente necessárias ao mínimo grau da vida de Deus - tais são, a fé e o amor.

Nenhum homem vive ou pode viver para Deus, exceto no exercício dessas duas graças. Quaisquer que sejam os deveres que os homens possam desempenhar para com Deus, se não forem animados por fé e amor, então eles não pertencem a essa vida espiritual pela qual nós vivemos para Deus.

 

Essas graças são capazes de graus, portanto são capazes de aumentar, pois assim lemos expressamente sobre pouca fé, [Mt 14: 31] e grande fé [Mt 8: 10] - fé fraca, [Rm 14: 1] e fé forte [Rm 4: 20].

Ambas são fé verdadeira, e são o mesmo em sua substância, mas  diferem  em graus. Então, também  há amor   fervoroso [1 Pe 4: 8], e amor que é comparativamente frio [Mt 24: 12].

 

Essas graças, na realização da obra de santificação são gradualmente aumentadas. Então, os discípulos pediram ao nosso Salvador para aumentar sua fé [Lc 17: 5], isto é, para aumentar sua luz, confirmá-la em seu assentimento, multiplicar seus atos e torná-la forte contra agressões, para que pudesse funcionar com mais eficácia nos deveres difíceis de obediência.

Eles tinham uma consideração especial por isso, como é evidente, a partir do contexto, pois oraram por este aumento de fé, por ocasião de nosso Salvador recomendar-lhes, a perdoarem frequentemente seus irmãos ofensores - este é um dever que não é nada fácil, nem agradável para nossa carne e sangue.

 

O apóstolo ora pelos efésios, para que sejam “arraigados e alicerçados no amor”, [Ef 3: 17]; e também pelos filipenses:

“E também faço esta oração: que o vosso amor aumente mais e mais em pleno conhecimento e toda a percepção.” [Fp 1: 9] 

Ou seja, que pelo aumento e fortalecimento de seu amor, eles pudessem ser mais estabelecidos em todos os deveres de amar, porque essas graças da fé e do amor são as fontes e o espírito de nossa santidade, que está em seu aumento em nós, para que a obra de santificação seja realizada - isso é feito pelo Espírito Santo, de várias maneiras:

Primeiro, estimulando essas graças a atos frequentes - frequência de atos, naturalmente aumenta e fortalece os hábitos dos quais procedem; e esses hábitos espirituais de fé e amor são, além disso, designados por Deus.

Eles crescem e prosperam, em e por seus exercícios, [Os 6: 3].

A falta deste exercício é o principal meio de sua decadência; existem duas maneiras pelas quais o Espírito Santo excita as graças da fé e do amor para atos frequentes:

 

(1) Ele o faz por meio de suas ordenanças de adoração, especialmente pela pregação da Palavra.

Ao irmos a Deus, em Cristo, as promessas da aliança e outros objetos próprios de nossa fé e amor; essas graças são atraídas para seu exercício.

Esta é uma das principais vantagens que temos, ao atender à dispensação da pregação da Palavra de maneira devida, ou seja, apresentando à nossa mente aquelas verdades espirituais que são o objeto de nossa fé, e por apresentar às nossas afeições, aquelas boas coisas espirituais que são objeto de nosso amor; ambas as graças são levadas para o exercício real frequente.

Nós estamos muito enganados se supormos, que não temos nenhum benefício com a Palavra, além do que retemos em nossas memórias, mesmo que devamos trabalhar para isso. Além disso, nossa principal vantagem reside na excitação, que é dada à nossa fé e amor por ela, em seu exercício adequado.

 

Essas graças são mantidas vivas por isso, porque sem pregar elas se deteriorariam e murchariam. Nisto, o Espírito Santo "toma as coisas de Cristo e as mostra a nós",

“Ele me glorificará, porque há de receber do que é meu e vo-lo há de anunciar. Tudo quanto o Pai tem é meu; por isso é que vos disse que há de receber do que é meu e vo-lo há de anunciar”. [Jo 16: 14,15]

 

Ele as representa para nós, na pregação da Palavra, como objetos de nossa fé e amor e, assim traz à lembrança as coisas faladas por Cristo, [Jo 14: 26].

 

Ou seja, na dispensação da Palavra, o Espírito nos lembra das palavras graciosas e verdades de Cristo, propondo-as à nossa fé e amor - nisso reside o segredo de lucrar e prosperar de crentes, sob a pregação do evangelho.

Por este meio, muitos milhares de atos de fé e amor são prolongados, pelo que  essas graças são exercidas e fortalecidas; e consequentemente a santidade é aumentada.

A palavra, por atos de fé sendo misturada com ela, como em Hb 4: 2, aumenta a santidade por sua incorporação.

 

Como a nossa fé se move, quando lemos passagens da Palavra, como as seguintes?

 

“Então, disse Jesus a seus discípulos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me. Porquanto, quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a vida por minha causa achá-la-á. Pois que aproveitará o homem se ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? Ou que dará o homem em troca da sua alma?” [Mt 16: 24-26]

 

“Assim, pois, todo aquele que dentre vós não renuncia a tudo quanto tem não pode ser meu discípulo.” [Lc 14: 33]

 

“Quem ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim não é digno de mim; quem ama seu filho ou sua filha mais do que a mim não é digno de mim; e quem não toma a sua cruz e vem após mim não é digno de mim.” [Mt 10: 37,38]

 

“Portanto, não vos inquieteis, dizendo: Que comeremos? Que beberemos? Ou: Com que nos vestiremos? Porque os gentios é que procuram todas estas coisas; pois vosso Pai celeste sabe que necessitais de todas elas; buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas. Portanto, não vos inquieteis com o dia de amanhã, pois o amanhã trará os seus cuidados; basta ao dia o seu próprio mal.” [Mt 6: 31-34]

 

“O amor seja sem hipocrisia. Detestai o mal, apegando-vos ao bem. Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros. No zelo, não sejais remissos; sede fervorosos de espírito, servindo ao Senhor; regozijai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, na oração, perseverantes; compartilhai as necessidades dos santos; praticai a hospitalidade; abençoai os que vos perseguem, abençoai e não amaldiçoeis. Alegrai-vos com os que se alegram e chorai com os que choram. Tende o mesmo sentimento uns para com os outros; em lugar de serdes orgulhosos, condescendei com o que é humilde; não sejais sábios aos vossos próprios olhos. Não torneis a ninguém mal por mal; esforçai-vos por fazer o bem perante todos os homens; se possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens; não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira; porque está escrito: A mim me pertence a vingança; eu é que retribuirei, diz o Senhor. Pelo contrário, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas vivas sobre a sua cabeça. Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem.” [Rm 12: 9-21)

 

Em resumo: todas estas coisas que nos são ordenadas e recomendadas visam a uma vivência real na fé que sempre atua pelo amor, ou seja, que crendo e nos levantando para obedecer tudo o que a boca de Deus tem proferido, possamos ser habilitados por Ele, a amá-Lo, e uns aos outros assim como Jesus nos amou -  e, com amor  fraternal ardente, de íntima comunhão, sendo conduzidos por Jesus a andarmos na luz, na qual veremos o quanto necessitamos estar unidos a Ele, a gastar tempo com Ele e com os interesses do Seu Reino em nossa vida prática.

Isto nada tem a ver com mero ativismo religioso, pois veja o caso da igreja de Éfeso, que foi repreendida por Jesus na carta do livro de Apocalipse que tinha muitas obras, não era mundana e carnal, mas ortodoxa e não seguia o ensino de falsos apóstolos.

E, além de tudo era perseverante em não negar o nome de Jesus, no entanto havia deixado o primeiro amor, e foram ameaçados pelo Senhor caso não se arrependessem, de modo que podemos estar sendo aprovados em muitas coisas, especialmente em nosso comportamento educado e civilizado, porém se o nosso coração não estiver sendo movido por Jesus, pela comunhão com Ele, e por sermos dirigidos por um contínuo andar em obediência ao mover do Espírito Santo, nada mais nos aproveitará, e ficaremos sujeitos aos juízos de Deus, que tudo fará para cumprir Seu propósito de que vivamos inteiramente para Ele, em real comunhão íntima e amorosa, traduzida por um caminhar na fé em obediência à Sua Palavra.

 

Uma vida que seja exemplar segundo o mundo, mas na qual falte a fé e o amor é como uma fonte que não tem água.

Mesmo os crentes que não permanecem ligados à Videira, em amor, são ramos mortos nos quais não podem ser expressados a vida, o poder e o amor de Jesus.

Sem Jesus nada podemos fazer em relação a tudo  o que nos convém ser, agir, e sofrer, pois é somente por um andar permanente no Espírito Santo, que a vida de Jesus é manifestada em nós.

Não se pense que, quando a Bíblia fala de um viver em pecado, que isto tenha a ver somente e principalmente com erros e falhas comuns, pois a referência está relacionada à fonte de onde procedem todos os demais males, a saber; o pecar contra o amor celestial e espiritual, que consiste em resistir ao Espírito Santo e não ser inclinado por Ele a adorar, louvar, ser grato e servir a Jesus em todo o tempo, ou seja, que se viva realmente de forma piedosa e santa, pois não há outro modo de se agradar a Deus.

 

Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 27/10/2021
Reeditado em 04/09/2022
Código do texto: T7372779
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