*DEFENDENDO A MINHA TERRA!!!

DEFENDENDO A MINHA TERRA!!!

Sendo um sertanejo autêntico

Nascido no pé da serra,

Acho justo e necessário

Defender a minha terra;

Onde o solo é seco e quente

Onde aquela humilde gente

Tem orgulho do seu chão;

Também de ser nordestino,

De onde “Asa Branca” é o hino,

Cantado por “Gonzagão”.

E como representante

De um povo pobre e ordeiro,

Encontro em mim a figura

Do devoto, do romeiro,

Da boiada, do alazão,

Da perneira, do gibão,

Do chapéu de couro e a sela,

Do aboiar do vaqueiro,

Do luzir de um candeeiro,

Do bater de uma cancela.

Simbolizo a macambira,

A jurema, o caroá,

A acauã agoureira,

O temido carcará,

A catingueira, o bom-nome,

As ramas de mata-fome,

Os gorjeios do vem-vem;

O homem que se alimenta,

Só de fava com pimenta,

Cuscuz, angu e xerém.

Um povo de alma singela

Desprovida de vaidade,

Que preserva com orgulho

Sua originalidade;

Sem dispor de instrução

E nem sequer ter noção,

Do que se passa na rua;

Espera o sol se ocultar

Pra que possa apreciar,

O belo nascer da lua.

Sou do juazeiro a sombra,

E do facheiro, o espinho,

Do mandacaru, a fruta,

O canto do passarinho;

Sou fé, oração e prece;

O campônio que padece

Com a seca brava e tirana;

Sou a cascavel malvada,

Sou a abelha arranchada,

No oco da umburana.

Sou saquarema, sou broco,

Matuto do pé rachado,

Feliz por viver distante

Do mundo modernizado

Onde impera as ambições,

E as trapaças dos ladrões,

Envergonham meu país;

Então lhe afirmo; portanto,

Eu, aqui nesse recanto,

Serei muito mais feliz.

Preservo a minha pureza

Bem como a honestidade;

Mesmo sendo analfabeto

Sem ter escolaridade,

Mantenho em Deus minha crença;

Caso apareça a doença,

Feitiço, olhado ou quebranto,

Procuro uma benzedeira,

Ou tomo chá de cidreira,

Erva-doce ou capim-santo.

Jamais abandonarei

O lugar que me deu vida;

E quero permanecer

Na minha terra querida

Mesmo quando o sol abrasa;

Pois aqui me sinto em casa,

No berço em que fui nascido;

E não encontro empecilho;

Por ser dessa terra um filho

A Deus sou agradecido.

Carlos Aires 30/12/2014