O TRISTE RELATO DE UM INFELIZ SABIÁ!!!
Seres humanos malvados
Com seus instintos daninhos
Deixam aprisionados
Inocentes passarinhos.
Que no decorrer da trilha
Encontram uma armadilha
Pra sua infelicidade
E passa a viver sozinho
Bem distante do seu ninho
Privado da liberdade!
É o cumulo da maldade
Se prender um inocente
Colocá-lo atrás da grade
Sem ter motivo aparente
Ainda mais na covardia
E a vítima da ironia
E mártir da traição
Passa a viver indefeso
Sofrendo mágoa e desprezo
Na maior desilusão!
Numa certa ocasião
Que não esqueço jamais
Eu adentrei num galpão
Onde se vende animais.
Subjugada aos entraves
Eu vi ali várias aves
No mais cruel cativeiro
Que assim a revelia
Viraram mercadoria
Pra se trocar por dinheiro!
Eu passei um dia inteiro
Ali naquele ambiente
Num momento alvissareiro
Deparei-me de repente
Com uma ave solitária.
Que estava naquela área
A olhar triste pra mim
Assim como quem pedia:
Tira-me dessa enxovia
Antes que chegue o meu fim!
Lamentava-se: enfim!
Qual foi o mal que eu fiz
Para que vivesse assim
Nesse castigo infeliz
Porque é que se reprime
A quem não cometeu crime
E nenhuma atitude má?
Eu, bastante comovido.
Logo atendi ao pedido
Do infausto sabiá!
E ao sairmos de lá
Desse lugar tenebroso
Notei que meu sabiá
Já calmo menos nervoso
Tinha algo a me dizer.
E eu querendo saber
Tudo sobre o passarinho
Disse-lhe: não tema perigo
E pode se abrir comigo
Pois eu sou seu amiguinho!
Ele relatou: meu ninho
Era numa laranjeira
Eu tinha um lindo filhinho
Uma bela companheira.
Um dia eu saí contente
A procura de semente
Pra nossa alimentação
Numa emboscada escondida
Caí. Daí minha vida
Transformou-se em aflição.
Sem nenhuma explicação
Eu me vi ali detido
Sem saída, sem ação.
Imaginei, estou perdido.
Mas, a hora mais ingrata
Foi quando deixei a mata
Seguindo outra diretriz
Meu peito se encheu de luto
Ao me afastar do reduto
Aonde fui tão feliz!
O meu amigo concriz
Também teve a mesma sina
A juriti, a perdiz
Canário, galo-campina
O xexéu de bananeira.
O pássaro fura-barreira
O caboclinho o “sofreu”
A goladinha o azulão
Mesmo o esperto cancão
Também desapareceu!
Todos, assim como eu
Foi um por um enganado
O humano que nos prendeu
Com o bolso abarrotado
Pelo farto numerário.
E o maldito salafrário
Burla a lei e ignora
Que o seu ato tirano
Causa um terrível dano
Para a fauna e para a flora
Diga meu amigo, agora
Se me entendeu ou não
Minha fé se revigora
Pois sinto em seu coração
Os princípios da bondade
Da mais pura lealdade
Por isso é que lhe dei crença.
Sei que fui compreendido
E ora lhe faço um pedido
Revogue a minha sentença!
Ali na sua presença
Eu disse emocionado
Sem que haja desavença
Você será libertado
Voar por essas baixadas
Cantar com as passaradas
Curtir esse clima seu
Voltar a fazer seresta
No seio dessa floresta
O lugar em que nasceu!
Essa historia que envolveu
Um passarinho inocente
A alguém que um dia o prendeu
Com seu ato inconsequente
Peço que tenha clemência.
Não cometa essa imprudência
Pra que tenhamos certeza
E plena convicção.
Se houver preservação
Engrandece a natureza!
Carlos Aires 01/06/2012