Na publicação anterior eu intitulei de "meu ultimo poema" mas, como poeta não costuma cumprir a palavra então retornei "defendendo o nordeste brasileiro" que ora publico em texto e áudio.
Carlos Aires
DEFENDENDO O NORDESTE BRASILEIRO!!
Sou igual a Leandro no cordel
Sou peleja de Pinto e Milanês
Sou o xaxado nos pés de Marines
Sou *Marinho o grande menestrel
Sou no mundo da glosa um bacharel
Sou de Deus simplesmente um mensageiro
Sou cantiga de Jacson do pandeiro
Sou prelunio na estrofe de Cancão
Sou matuto, sou filho do Sertão.
Defendendo o Nordeste brasileiro!
Sou a calha do rio Pajéu
Cujo leito só escorre poesia
Sou a polpa da doce melancia
Sou a acido contido no umbu
Sou o suco travoso do caju
Seriema a correr no tabuleiro
Sou poeta campônio e prazenteiro
Sou luar de uma noite de verão
Sou um grito em defesa do sertão
Defendendo o Nordeste brasileiro!
Sou Gonzaga cantando seu baião
Sou Lindu sou Cobrinha e Coroné
Sou rosário de coco catolé
Sou a sola que faz bota e gibão
Sou buchada de bode, sou pirão.
Sou a água barrenta do barreiro
Sou a raspa do pé de juazeiro
Sou o sol que provoca a sequidão
Sou caboclo das brenhas do sertão
Defendendo o Nordeste brasileiro!
Sou a fome que assola o sertanejo
Que enfraquece desola agride e mata
Sou a sede insolente que maltrata
Sou a brisa que traz o fresco arejo
Sou o eco, o ruído do trovejo.
Sou o lume do rude candeeiro
Sou a fruta vermelha do facheiro
Que pra o homem do campo é refeição
Sou matuto oriundo do sertão.
Defendendo o Nordeste brasileiro!
Sou folclore, sou mito, sou cultura.
Sou Saúba, sou Miro da Boneca.
Sou o Mestre Salu com a rabeca
J. Borges, com a xilogravura
Sou Gilvan da Burrinha essa figura,
Na ciranda, sou um João Limoeiro.
Mestre Siba, Solon Mamolengueiro
Sou Capiba, no frevo e na canção.
Ariano, falando do sertão.
Defendendo o Nordeste brasileiro!
Sou Baracho o Mestre da ciranda
Eu sou Lia lá de Itamaracá
Sou Caju e Castanha no ganzá
Ludugero com a trupe a qual comanda
Chico Science do mangue e sua banda
Sou Sivuca o grande sanfoneiro
Zé da Luz que incluiu no seu roteiro
Toda essência de sua inspiração
Sou um brado que ecoa no Sertão
Defendendo o Nordeste brasileiro!
Sou o barro nas mãos de Vitalino
Dando vida as suas criações
Sou os shows com os quais Ivan Bulhões
Animava o período natalino
Assim como no folguedo Junino
Ou nas festas de um santo Padroeiro.
Sou a saga de Antonio Conselheiro
Represento o Cangaço e Lampião
Sou a alma do povo do Sertão
Defendendo o Nordeste brasileiro!
Já pensei em parar o meu versejo
E até fiz o meu ultimo poema
Mas, daí começou o meu dilema.
Pra voltar a versar senti desejo
Resolvi atender o meu almejo
Já estou cultivando esse celeiro
Ninguém cala um poeta alvissareiro
Eu tentei me calar, mas foi em vão.
Contínuo a cantar o meu Sertão
Defendendo o Nordeste brasileiro!
Carlos Aires 11/03/2011
*Referencia ao grande poeta Antonio Marinho “A Águia do Sertão”