APOLOGIA AO MATUTO!!!
Matuto iletrado da mão calejada
Do cabo da enxada, da luta do gado
Jamais imagina o que é vaidade
E a felicidade mora em seu roçado
Se sente feliz vivendo na roça
Na pobre palhoça de barro e sapé
Morando distante da modernidade
Que tem na cidade, nem sabe o que é
Se o homem da rua zomba do teu jeito
Não chega ao teu peito o ódio e o rancor
Tua alma é pura não guarda maldade
Só tem na verdade lugar para o amor
Teu suor salgado tem gosto de terra
No teu Pé-de-Serra tu és tão feliz
A vida roceira, não troca por nada
Pois lá está fincada a tua raiz
Pois, o que chasqueia e até te destrata
Despreza maltrata renega teu nome
Não vê que é da roça cheia de impureza
Que leva pra mesa de tudo que come
Por isso te exalto! Oh nobre matuto!
Presto-te um tributo, te dou nota cem
Por ser oriundo das brenhas, do mato
Assim sou de fato matuto também!
Portanto te orgulha matuto brejeiro
Do jeito matreiro, do teu linguajar
Do lugar que vive no aceiro da mata
Ouvindo a cascata e olhando o luar
E não te aborreça se te chamam “Jeca”
“Caipira sapeca” “Zé do interior”
Quem sabe se tocam, e até compreendem
Que em tudo dependem desse lavrador!
Carlos Aires 09/01/2012