NUMA CASA ABANDONADA!!
Morcegos entre os frechás
Transformados em escombros
De fantasma e malassombros
Se ouvem gritos e aís
Gente ali não mora mais
A porta vive fechada
Marimbondos na entrada
A nos fazer ameaça
É o que se ver quando passa
Numa casa abandonada!!
As telhas da cumeeira
Já estão em desalinho
Somente algum passarinho
Se aninha pela biqueira
Cupins devora a madeira
Já não tem mais a calçada
Quem já foi bela morada
Hoje é um triste recanto
Só existe desencanto
Numa casa abandonada!!
Onde reinou alegria
Hoje impera o abandono
Morreu a dona e o dono
Que outrora ali residia
Somente a melancolia
É quem por lá faz morada
Ou alguma alma penada
Implorando piedade
Habita junto à saudade
Numa casa abandonada!!
As noites silenciosas
Até nos causa arrepios
O vento dando assovios
Na copa d’árvore frondosa
A mãe-da-lua chorosa
Lastima desanimada
Uma coruja pousada
Na travessa do batente
É cena triste e frequente
Numa casa abandonada!!
O mato cobre os terreiros
Que antes eram varridos
Também foram demolidos
Os currais e os chiqueiros
Bem como os velhos poleiros
Que dormia a galinhada
Mesmo a porteira de entrada
Também não existe mais
Porque tudo se desfaz?
Numa casa abandonada!!
Até o velho barreiro
Agora está entupido
Também já foi destruído
O casebre do vaqueiro
O antigo juazeiro
Que tinha a sombra arejada
Dele não resta mais nada
Sofreu do tempo a ação
É grande a desolação
Numa casa abandonada!!
Porém o acumulo dos anos
Aos poucos tudo corrói
E lentamente destrói
Trazendo terríveis danos
Ao mundo dos desenganos
Agora está relegada
A tua historia é narrada
E o poeta com certeza
Só viu lamento e tristeza
Numa casa abandonada!!
Carlos Aires 01/06/2011