SERTANEJO DISTANTE DO SERTÃO!!!
Sertanejo distante do sertão
É abelha perdida do cortiço
É romeiro sem ter mais Padim Ciço
É nordeste sem festa de são João
A tristeza lhe invade o coração
E dos rumos da vida perde o plano
Lá no fundo do peito o desengano
Cada dia que passa mais humilha
Pois se sente igualzinho a uma ilha
Retirada do rio ou do oceano!!!
O sertão para o sertanejo puro
Representa o cume da virtude
Tendo água comida e saúde
Vive bem satisfeito, está seguro
E nos planos que faz para o futuro
Jamais pensa em sair da região
Pois cuidando da sua plantação
Vive muito feliz em seu roçado
Sem inveja de quem é empregado
Pois prefere viver sem ter patrão!!!
As comidas de lá da terra nata
Pras que tem na cidade é diferente
É cuscuz com coalhada ou leite quente
Jerimum, macaxeira e batata
Sem ter banho de chuveiro, é na cascata
Que o matuto costuma se banhar
Candeeiro e a luz bela do luar
Iluminam o terreiro e a palhoça
Satisfeito vivendo lá na roça
Não reclama e não pensa em se mudar!!
Quando o ano é de seca é muito triste
Por sofrer a maior desolação
Sem ter água pro gado e nem ração
Mas o bom sertanejo ali persiste
Apegado na terra ainda insiste
Em ficar sem que vá para distante
Mas a seca feroz é tão constante
Que lhe expulsa do seu torrão querido
Pega a estrada, é mais um desiludido
Que virou andarilho, hoje é migrante!!
Ao sair do lugar que foi criado
Noutras plagas é tudo diferente
Se falar o “prumode” ou o “oxente!
É sem duvidas por todos censurado
Além disso, ainda é descriminado
Com escárnio chacota e com bravata
É matuto, Mané, cabeça chata
Ainda mais outros tipos de agravo
É por vezes tratado como escravo
Apanhando no lombo, de chibata!!
Se uma carta alguém vem lhe entregar
Os seus olhos deságuam ganham brilho
Com certeza é a mulher ou algum filho
Lhe dizendo papai pode voltar
Já choveu, começamos a plantar
Macaxera cará, milho e feijão
Bem depressa ele arruma o matulão
É capaz de chorar de tão contente
No primeiro transporte certamente
Ele embarca de volta pro sertão!!!
Carlos Aires 21/04/2011