RETORNANDO AS ORIGENS!!!
No outrora fui à semente
Que ao solo foi lançada
E depois de germinada
Brotou vigorosamente
Cada vez mais afluente
Espalhavam-se as ramagens
Modificando as paisagens
Trazendo vigor e vida
E assim extrovertida
Mostrava belas imagens
Era frondosa, atraente
Galante, bela imponente
Sombreando essas paragens
Recebi tantos carinhos
Meus galhos viviam em festa
Fui orgulho da floresta
Aonde os passarinhos
Cantavam, faziam ninhos
Deixando-me tão feliz
Borboletas, colibris
Vinham cumprir seu papel
E a abelha fiel
Também entrava no clima
Buscando matéria prima
Para fabricar seu mel
Sabiás e bem-te-vis
Todo dia de manhã
Cantavam junto à acauã
Galo campina e concriz
E no tronco o corduniz
Dava um piar langoroso
O gavião tenebroso
Chegava fazendo cenas
E aquelas aves pequenas
Saiam em revoadas
Sem ter rumo, amedrontadas
A procura de outro abrigo
Por temer o inimigo
Ficavam muito assustadas
Quem antes foi atração
Hoje não atrai mais nada
É triste a situação
Pois estou invalidada
Galhos que já foram anchos
Ora são meros garranchos
Sem beleza e formosura
Tal qual fantasma que afronta
Horripila e amedronta
Toda e qualquer criatura
No mais profundo marasmo
Sou motivo pra sarcasmo
Sofrendo a terrível agrura
O tempo ingrato avançando
E a beleza fui perdendo
O tronco se desgastando
Os ramos emurchecendo
Os cupins me devorando
E a cada dia ficando
Minha copa desfolhada
Já não exibo florada
Frutos, não produzo mais
Estou impotente, incapaz
O fracasso predomina
E conforme a lei Divina
Tudo já vem planejado
Depois de ter procriado
Minha tarefa se encerra
Voltarei ao pó da terra
Onde um dia fui gerado
Carlos Aires 12/07/2010