FUI MENINO DO MATO, E FUI CRIADO
NOS RINCÕES ESQUISITOS DO SERTÃO!!
Tenho orgulho de ser um sertanejo
Convivi com sol quente e chão rachado
Me criei trabalhando no roçado
Mas adoro demais meu lugarejo
De um dia voltar, é meu desejo
Pra morar lá na minha região
Pois quem é sertanejo faz questão
De viver recordando seu passado
Fui menino do mato, e fui criado
Nos rincões esquisitos do sertão!!
Quando vim do sertão para a cidade
Foi transtorno, tristeza e sofrimentos
Eram calos nas mãos meus documentos
O meu porte matuto, a identidade
De repente perdi a liberdade
Como um pássaro que cai num alçapão
Tão feliz que eu era, e a aflição
Fez morada em meu peito amargurado
Fui menino do mato, e fui criado
Nos rincões esquisitos do sertão!!
Nunca fui um moleque presepeiro
Mas gostei de tocar meu berimbau
De correr no meu cavalo de pau
Uma vara de pé de marmeleiro
Era folhas de matos, o dinheiro
Que eu brincava feliz com meu irmão
Nos currais com porteira e até mourão
Era vacas de pedra nosso gado
Fui menino do mato, e fui criado
Nos rincões esquisitos do sertão!!
Numa lata de doce já usada
Que depois de vazia virou prato
Ficou velha, mamãe jogou no mato
Pois pra ela já não valia nada
Já estava sem brilho, enferrujada
Mas usando a imaginação
Eu fazia com ela meu carrão
E saia a correr pra todo lado
Fui menino do mato, e fui criado
Nos rincões esquisitos do sertão!!
Eu me lembro da massa de araruta
Das bolachas de leite e do tareco
Que eu gritava só para ouvir o eco
Nas encostas da serra e lá na gruta
Ver dois touros travando uma disputa
Pra saber quem seria o campeão
Do rebanho, pois a competição
Quem perdesse estava descartado
Fui menino do mato, e fui criado
Nos rincões esquisitos do sertão!!
Relampejos e fortes trovoadas
Aparecem no céu nuvens escuras
De repente circulam tanajuras
Se arriscando nas suas revoadas
Bacurau saltitando nas estradas
Acauã está calada, e o carão
Na lagoa a cantar sua canção
Tá feliz porque ver o chão molhado
Fui menino do mato, e fui criado
Nos rincões esquisitos do sertão!!
Aqui vou confirmar tudo que disse
São verdades vividas, meu relato
A ação infeliz do tempo ingrato
Fez de novo eu voltar à meninice
Se a seca me fez com que saísse
Pra distante demais do meu torrão
A saudade me invade o coração
Muito pranto eu já tenho derramado
Fui menino do mato, e fui criado
Nos rincões esquisitos do sertão!!
Carlos Aires 06/02/2010
Lindo comentário poetico enviado pelo grande poeta Cacal!!!
Meu pomar, minha horta e meu jardim /
passo hora e mais hora a recordar /
Eu cheguei sem vontade de ficar /
Voltarei lastimando porque vim /
É por isso que estou sempre assim /
com saudade apertando o coração /
Dessa vida distante do meu chão /
com certeza eu não tava preparado /
Fui menino do mato e fui criado /
nos rincões esquisitos do sertão
Enviado por Cacal em 09/02/2010 13:32