MEU SERTÃO EU VÔ VORTÁ!!!!
Dotô eu as veis me óio
E faço qui nem me vejo
É que um cabra sertanejo
Que vem morá na cidade
Perde a sua qualidade
De vida originá
Fica sem sabê andá
No mei dessa murtidão
Tem qui pegá cundução
Pra mode ir trabaiá
Fica tonto,atordoado
No meio de tanta gente
É tudo tão diferente
Das coisas do Seu lugá
Aqui tenho qui usá
Sapato terno e gravata
Nem a minhas aprecata
Eu num posso mai carçar
Todo mundo que mandá
Nos trabaio qui eu faço
Eu num incronto inspaço
Me sinto um prisionêro
Pois o matuto rocêro
Quando sai da sua terra
Sofre se lasca, se ferra
O cabôco arritirante
Qui passa a vivê distante
Daquele seu pé-de-serra
Eu gosto é lá do sertão
Onde o sol é quente e brilha
E no meu ráido de pilha
Eu inscuto Gonzagão
Jacinto Silva, Asulão
E tomém Jakson do pandêro
E todo ano sô rumêro
De padim Ciço Rumão
Cuido da minha boiada
Corro numa vaqueijada
Muntado em meu alazão
Trabaio no meu roçado
Sem preguiça e sem infado
Prantando mio e fejão
Tem muita coisa qui infeita
Qui adoça, qui incanta
A noitinha o sol se deita
Mai a lua se alevanta
Já se cala a passarada
A caatinga pratiada
Dá até a impressão
Qui Deus da sua cascata
Derramou um véu de prata
Branquiando a região
E lembrando dessas beleza
Mi pregunto cum tristeza
Pruque deixei meu torrão?
Esse povo aqui da rua
Num sabe qui inziste a lua
E nem da fé de seu clarão
A minha terra quirida
Nunca mi sai da lembrança
E qui mióre de vida
Eu aqui tenho insperança
Ai veze drumo e in sonho
Vejo meu lugá, e tristoinho
Mi acordo de repente
Aí me aperta a sodade
E atiça a minha vontade
De ir pra lá novamente
Mermo longe, na distança
Nunca peico a cunfiança
De fazer minha mudança
E vivê junto a minha gente
CARLOS AIRES 16/11/2008
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