UM NORDESTINO FELIZ...
Tenho orgulho em dizer: Sou do nordeste
Onde a seca feroz constantemente
Deixa a terra rachada e o clima quente
Sou feliz porque sou "cabra da peste"
Logo cedo eu faço um brequefeste
Misturado com vinho ou aguardente
Quando falo só sei dizer "oxente"
É "pru via", "pru mode" e "pruquê"
Se me arretam eu faço um fuzuê
Sobrevivo sem ter "eira nem beira"
Alimento-me com charque e macaxera
Jerimum, batata e mungunzá
De rolinha, nambu, peba e preá
Ou galinha criada no terreiro
E a água que bebo é de barreiro
Carregada na lata ou no pote
Misturada com "martelo e caçote"
Mas se bebe e não causa nem um dano
E na boca da jarra amarra um pano
Pra que a água ali fique coada
Como leite, cuscuz, queijo e coalhada
Gosto muito de comer maxixe e nata
É assim que a gente aqui se trata
Com canjica, pamonha e milho assado
De xerém com um bode bem guisado
Ou da carne de um porco do chiqueiro
Como fruta de palma e de facheiro
Rapadura, sentado no batente
E com casca de juá escovo os dentes
Tomo banho nadando no açude
Nada sinto, sou forte e tenho saúde
Tenho coragem e sou trabalhador
Quando nasce o sol, até se por
Levo a vida a cumprir o meu destino
Tão feliz porque sou um nordestino
Um guerreiro, um forte, um lutador.
Autor: Carlos Alberto de Oliveira Aires
Carpina–PE, 13/05/2008
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