Acorda! Deixa a criança “ à beira da estrada”
A sonhar acordada  que o pai vai chegar para
dela Cuidar. Claro que não vai!
Acorda! Não há pai.
Acorda! o que há é  mãe a chorar, a rezar
a pedir a Deus e aos seus que a venham ajudar
a seus filhos criar.
Acorda!  Deixa de  lado aquele jovem apaixonado a
estufar o peito achando que em tudo pode dar um jeito
Acorda! Quem te disse que algum governo pode chegar
para a vida do povo melhorar?
Acorda! O governo é  a arte de se governar,
Uma vez eleito, é um cão agarrado a um osso fazendo
de tudo para ninguém lho tirar
Acorda, tira a roupa, fica nu, olha no espelho e vê que és um ser opaco

Sem brilho, sem cor
 Se ainda vês alguma pena a te sugerir que és um ser alado
arranca-a, joga fora
Agora sabes que és tu e só tu, estás pronto para ir embora.

Acorda! Cinquenta anos depois onde estamos?...

Era aqui que queríamos chegar?

O tempo se encarregou de muita coisa mudar. Portugal continua no mesmo lugar mas a vida galgou muitos degraus. Na escala da evolução estamos de parabéns. Assim como toda a Europa envelheceu, sem gente nova a chegar como antes, há poucas crianças e muitas escolas para as ensinar. Depois de prontos é que se deparam com a realidade que assim como antes os há de empurrar para em qualquer parte do mundo  achar campo aberto para  desempenhar com eficiência o cargo para o qual se prepararam  em sua terra Natal. Mas também as despedidas não são tão tristes como antes eram, são o início de idas e vindas infindas .

O avião encurtou as distâncias, agora vão exercer a profissão que escolheram onde houver oportunidades à sua espera. Mão de obra qualificada, salários compensadores e oportunidades para conhecer outras realidades. Tudo isto faz parte da evolução natural do ser humano. Em Portugal os bons empregos são poucos, os que há não atraem nossos jovens. Prepararam-se para ir mais longe. Então  houve mesmo uma inversão drástica de mão-de-obra. Portugal por ser uma porta de entrada para o mundo europeu recebe gente do Brasil, da África e de outros países geralmente onde se fala a língua portuguesa. Chegam como nós antes chegávamos no Brasil, no Canadá, na França etc. Qualquer emprego era um começo de nada que depois iria crescer e dar muitos frutos. E deu, poucos se perderam: devagar iam adquirindo melhores condições de vida para si e para os seus.

         Os valores culturais que traziam consigo não se perderam foram o  alicerce para galgarem degraus que os levariam  a outros patamares.

         Assim é Portugal de ontem e de hoje, um país nobre por natureza, que aprendeu a levar a sério a sua identidade. Fernando Pessoa em sua basta obra profetizou o que poderia vir a ser a salvação de Portugal como nação,  como um país bom para se viver em paz, sem grandes ambições, mas também sem quedas e sobressaltos, uma vida que segue um ritmo ditado pela aquisição de conhecimentos,   alinhados com aquela Máxima de John de Dewey , preparar os nossos Jovens para a vida, dar-lhes condições de desempenhar com qualidade a profissão para a qual se prepararam seja em Portugal ou para além de suas fronteiras.

                                                             Lita Moniz