A Revolução dos Cravos Valeu a Pena?
O que queríamos e o que temos! Há cinquenta anos atrás o que este povo pedia aos céus e a quem governava a Nação Portuguesa era a hora e a vez deste povo sofrido passar a ter alguma esperança de vir a ter para si e para os seus uma vida digna, com esperanças miudinhas: uma escola gratuita para seus filhos que fosse além da quarta classe em qualquer região da nação, um avanço significativo para o mundo rural produzir mais sem sofrer tanto, um olhar voltado para regiões agrícolas. Tão perto de nós, outras nações já experimentavam o poder das máquinas, o progresso a chegar a todo o lugar. Para nós tudo aquilo estava tão longe que nos parecia ficção.
A vida nas cidades era melhor para quem mamava nas tetas do governo, quem tinha padrinhos que os ajudasse a entrar para algum empreguinho público, os outros eram escravos da vida sofrida cá e lá. Só havia uma saída: sair dali de navio, uns anos depois, de avião, ou a salto: a pé mesmo, ou cair nas mãos dos passadores, que sem escrúpulos, os deixavam em um caminho qualquer e lhe diziam um pouco mais à frente já é a França. Agarrados uns aos outros, a lastimar a triste sorte, lá iam galgando caminhos até chegar à Espanha e dali o sonho da França já lhes parecia mais perto.
Sair de Portugal para os jovens era também fugir à guerra, para onde iam sem saber se voltariam vivos, sem danos físicos, quantos por lá morreram, e quantos por lá deixaram braços e pernas.
Cinquenta anos depois perguntamos:
A Revolução dos Cravos valeu a pena?
A resposta é clara e direta: Não!
As colônias se libertaram sem acordos que pelo menos indenizassem o quanto ali se investiu. Nem isso! foi uma entrega barata: acordos em que Portugal saiu sem honra, sem glória, sem nada que se possa chamar de vitória. Tantas histórias de portugueses que saíram dali às pressas, só com a roupa do corpo, sem ninguém para os defender , para lutar por eles.
Quem estava em Portugal, que mudanças significativas por lá se viram? para não dizer que tudo foi mau. Veio um socorro: Portugal pôde ingressar na União Europeia, “EU”. Os investimentos que chegaram a Portugal trouxeram alguns
benefícios, pudessem os corruptos que por lá havia desviar tudo que bom seria! Mas havia acordos onde cada país tinha que prestar contas: era preciso mostrar obras e foram melhorando autoestradas, construindo outras e investimentos na educação e talvez um pouco na saúde.
O mundo rural mudou por força das circustâncias: o trator, o caminhão, as máquinas agrícolas, enfim o progresso chegou. Hoje os animais foram substituídos pelas máquinas, é proibido maltratar qualquer animal.
Indústria de pouca monta, nada que resultasse em grande progresso para a Nação. Cinquenta anos depois o que há para destacar? Continuamos a ser imigrantes, o que mudou? Já foi um bom avanço, vamos lá! A possibilidade de deslocamento foi muito favorecida pelo transito livre entre os países da “ EU” , o transporte entre as nações foi se adaptando a muitas opções de viajar com relativo conforto: o carro é a opção mais eficiente e que melhor se adapta às idas e vindas dos imigrantes que escolheram como países de acolhimento os países da Europa em geral. Os demais em poucas horas de voo estão de volta ao Brasil, à América etc. Opa! Portugal é uma maravilha! Um país para onde vale a pena voltar. Viva o 25 de Abril! Ó pá isto está muito bom! Não está! As Universidades são como sempre foram de excelente qualidade! Os jovens de posse do seu diploma, voltam ao velho sonho, sair dali o mais rápido possível. Antes que o seu rico diploma, conquistado a noites sem dormir, a estudar, não valha para nada . Talvez um empreguinho em algum comércio, mas nada que lhe possibilite ser aquilo para o qual se preparou. E aqui estamos na estaca zero! Imigrar é o que restou. Ai meu rico Portugal que tanto gosto de ti! Mas só me resta sair daqui. E lá se vai mais um jovem, uma jovem dar o melhor de si para um país que os recebe de bom grado, afinal não gastaram um tostão para os preparar, chegam ali prontinhos, especializados para exercer a profissão para a qual se prepararam em ótimas universidades de Lisboa, Porto, Coimbra e por aí vai. Candidatam-se a empregos oferecidos pelas mais diversas empresas, especialmente nas áreas para as quais se prepararam e passam com mérito. Claro, um orgulho! Por ali ficam a trabalhar, a desempenhar com o mesmo afinco e responsabilidade que os velhos ancestrais que chegaram aos países de acolhimento, mesmo sem grandes, ou às vezes nenhum estudo. Levavam , consigo a força da raça portuguesa, a coragem que os fez fazer-se ao mar. Mas agora são doutores. Eis aqui a grande mudança! Mas são imigrantes, condenados a idas e vindas até que a aposentadoria chegue e voltam para o lar de onde só saíram porque Portugal, não se preparou para que pudessem exercer ali as potencialidades aquiridas em Universidades de grande porte que prepara jovens, até melhor do que antes, porque sabem que terão que ir competir com jovens que também estudaram em boas universidades no seu país de origem.
Então o que é Portugal de Hoje?
Um país que não aproveita o seu melhor. As inteligências a favor do progresso da nação, jovens cheios de ideais, dispostos a dar o melhor de si para que Portugal se torne um país rico e próspero a serem empurradas por falta de oportunidades de trabalho à altura de suas qualificações.
Um país a envelhecer a olho nu, os jovens a sair dali, como antes, rumo a outros países onde possam ser bem aproveitados .
No governo continua a imperar a corrupção, o apadrinhamento. Vendem o que é possível vender e às vezes o impossível também. Um país que pôs à venda a natureza: as riquezas naturais exploradas sem grandes escrúpulos, o ecossistema agredido sem os devidos cuidados tão necessários para preservar o meio ambiente.
Portugal uma pátria maltratada! Família!
Que família? Ah! Aquela que já ninguém se preocupa em preservar. Essa está em vias de extinção.
Só sobrou Deus. Mas até este está meio ameaçado por um povo que de tanto se distanciar das leis que regem o Universo, já não acredita mais num Deus Criador e Senhor de todas as coisas.
Lita Moniz