ÓTIMAS SURPRESAS DA VIDA

 

     Era uma feira-livre de um subúrbio e havia uma barraca que vendia livros usados. Um dos livros achei muito interessante, seu título era AUTOPERFEIÇÃO COM HATHA YOGA, de autoria do Professor JOSÉ HERMÓGENES. Foi ele quem introduziu o YOGA no país (yoga é palavra masculina).

     Comecei a ler as primeiras lições e fui praticando os exercícios mais fáceis. Quando cheguei aos mais difíceis, resolvi conhecer o autor do livro, que tinha uma Academia na rua Uruguaiana.

     A secretária informou que ele estava dando aula, para eu aguardar, pois ele viria à secretaria e, logo após, daria a última aula. Aguardei uns quinze minutos e ele apareceu. Olhou para mim e foi logo dizendo: “Como nós somos parecidos!” Éramos da mesma estatura e também calvos.

     Contei-lhe minha história toda e perguntei se poderia participar da próxima aula. Disse que sim; foi a um armário, pegou um tapete e falou: “Você pode participar da aula, tire os objetos dos bolsos e o relógio; coloque-os ao lado do tapete vá me acompanhando, fazendo os exercícios. Ficarei naquele tablado”. Começou a aula, fui fazendo os exercícios também. Eram uns trinta alunos. Todos nós fomos acompanhando e, quando chegou o último exercício, ninguém conseguiu fazer, somente nós dois, consistia em “plantar uma bananeira” e cruzar as pernas. Logo após, pediu aos alunos, “uma salva de palmas para o Orpheu”! Fiquei deveras emocionado. Disse-lhe que gostaria de fazer o curso para professor de Yoga. Ele me deu o endereço, era na Tijuca, fui logo para lá. A secretária pediu a autorização fornecida por algum professor de Yoga, para fazer a matrícula. ― Não tenho, quem me mandou aqui foi o Prof. Hermógenes, eu vou ligar para ele.

     ― O quê, foi o próprio?

     ― Foi.

     ― Então não precisa, vou preencher os dados, aguarde, por favor. Olhe só, “quem tem padrinho não precisa apresentar prova”.

     Durante três anos foi o tempo do curso. A turma escolheu-me para ser o orador e o paraninfo, é claro, foi o Professor Hermógenes.

     O salão era enorme, a solenidade foi linda. Eu fiz uma poesia para o Paraninfo e uma para cada professor, assim como para os dedicados funcionários.

     No final houve até um baile e com belas músicas, até o Professor Hermógenes dançou.

 

 

Orpheu Leal
Enviado por Orpheu Leal em 23/03/2023
Reeditado em 23/03/2023
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