"E conhecerão a verdade, e a verdade os libertará." João 8:32

 

Em meio a "narrativas" de toda ordem (e gosto), quando os fatos perdem espaço para pós verdades, poucos devem ser os que podem garantir a si mesmos que resistiram e não "pecaram. Seja porque a mentira lhe agrada por corroborar o que seu desejo lhe imprime - ou vestir como uma luva o seu imaginário; seja porque questionar, conferir e confirmar não esteja entre seus hábitos mais correntes, o certo é que o brasileiro espalha fake-news como respira, aparentemente sem uma mínima cobrança da sua consciência. Se a maioria enche a boca para dizer que somos um país cristão, e, se espalhar falso testemunho é errado, seria de supor que tal hábito fosse um tantinho mais contido.

Meu propósito com este texto não é julgar, e sim provocar alguma reflexão. Claro que falácias e fake news me importam, ou não usaria meu tempo para escrever sobre isso. Mas compreendi nesses últimos anos que somos mais suscetíveis e medrosos do que eu jamais supus. Medo e ignorância podem fazer com que mentes ardilosas nos convençam até que vacinas são feitas para nos adoecer e matar. Assim, julgar seria criminoso. Foi quando compadecer-me de nós virou rotina.

Usei para ilustrar este texto uma montagem de 2018, quando Manuela D'Avila foi candidata a vice-presidente, junto com Fernando Haddad. Mas poderia ter usado várias outras montagens, anúncios etc. Até mesmo manchetes de "jornais". A falta de escrúpulo de quem lança essas inverdades para o público, através de WhatsApp, Telegram, principalmente, é de estarrecer mesmo quem já conhece (e assume) as próprias fraquezas. Outro exemplo que considero sério, que surge e ressurge nas redes, é sobre o Jean Wyllys. Ainda tem quem insista que ele vai dirigir um filme retratando um "Jesus gay". Essa também circula desde 2018. Percebe como você é feito (a) de otário (a)? Ou, percebe como você e sua narrativa podem ser cansativos (as)?

Para ser mais atual, cito a justificativa usada por muitos para tantos casos graves de desnutrição e doenças entre os Yanomami. A maioria dos indígenas, segundo eles, seria de venezuelanos. Desnecessário comentar, de tão imoral. Como imoral, também, foi a acusação a um integrante do MST, sobre o vandalismo golpista do dia 8.

São inúmeros os casos, não vou me estender nesse sentido. A reflexão aqui é sobre o quê exatamente se ganha com isso. Com o quê os que disseminam essas notas horrendas e vis, que qualquer pequena consulta desmente, contam ganhar. Notoriedade? A cumplicidade de seus iguais? Consolo? Afirmação de si mesmo (a)? Impossível, falando não de mentes perigosas, capazes de arquitetar planos contra a humanidade, mas sim de pessoas comuns, razoáveis, minimamente compassivas: impossível que alguém que replique uma "notícia" que envolva a honra, o caráter, a fé, a sinceridade de quem quer que seja, sem verificar a autenticidade, sem se basear em fatos, sem questionar se a foto ou o vídeo foram editados, montados; impossível que esse alguém esteja ou fique bem consigo, com os seus, com o mundo. Entendo que ser livre não é fazer o que se quer fazer. Ser livre passa por ter consciência de quem se é e de por que se faz o que se faz.