AS LIÇÕES DE "PANTANAL"

Demétrio Sena - Magé

Ontem foi reprisado na Rede Globo, o último capítulo da novela Pantanal. Um sucesso estrondoso da emissora que muitos classificam como Globolixo, porém assistem às escondidas - e fazem muito bem, pois pertencem a grupos que não lhes perdoariam por essa... "fraquejada". Foram meses de uma história linda, intensa e forte, mas também com muitos momentos delicados, muitas conversas de uma sutileza e profundidade que só poderiam mesmo ser alcançadas por quem tem ouvidos atrelados à consciência e ao coração.

Para muitas cenas, foi necessário ter olhos fortes, visão aguçada e muito além dos olhos do rosto. A imagem do velho do rio foi tocante e reflexiva... nossos olhos nos olhos sofridos da Maria que foi bruaca; dos olhos apaixonados e generosos da Filó; da expressão digna, indignada e grandiosa do Zaquieu; da cara bruta e de pedra, mas ao mesmo tempo confusa e disposta a aprender, do Alcides; dos traços ingênuos e francos da Zefa e de todas as outras personagens da história tiveram esse poder de tocar os seres "tocáveis".

Assistimos a uma história de coragem, de amor à natureza e celebração das lendas deste país, representadas especialmente pelo "velho", que virava sucuri, a Maria Marruá e sua filha Juma, que viravam onça. Uma simbiose de amizade, perdão, conciliação, tolerância, diversidades humana e cultural, ecologia, superação e redenção, como do próprio Alcides e sua Maria, do Renato filho de Tenório e Dona Mariana -, sem contar o imenso coração do Tibério, sempre disposto a promover a paz entre os peões e do José Leôncio, que acolhia quem chegasse às suas terras, à procura de um trabalho, um abrigo ou um conselho.

Mas o grupo "anti-fraquejada"... que assiste à"Globolixo" e no dia seguinte critica nas redes sociais tudo aquilo que disse que não viu, realmente não viu... apenas olhou, porque só tem os olhos da cara, da hipocrisia e da censura... e a língua na ponta dos dedos, para falar da "pouca vergonha", do "pecado" e do "comunismo" que vê em tudo o que seus líderes mandam ver assim, por questões de fanatismo religioso e tendência política extremista entranhada na religião.

Com tanto contexto sensível, tanta mensagem de um mundo melhor e lições em série de humanidade, amor e paz, a "patrulha popular fascista" esperou a novela inteira para destacar negativamente um beijo rápido, festeiro e descontraído entre dois seres humanos do mesmo sexo e desqualificar todo o enredo, em razão disso. Não sei se ainda está escrito na Bíblia ou se os líderes desse rebanho já retiraram de lá, que "se teus olhos forem bons, todo o teu corpo será luz; porém, se forem maus, todo o teu corpo será treva". Faça-se luz!

Demétrio Sena
Enviado por Demétrio Sena em 15/10/2022
Código do texto: T7628412
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