Reflexos da pandemia no comércio exterior
Considerando as circunstâncias mais atuais, é perceptível que a pandemia ocasionada em decorrência do novo Coronavírus abalou o mundo e a população em diversos setores, além dos impactos na saúde e na qualidade de vida, a esfera econômica foi fortemente afetada. Quando se fala sobre a importância do isolamento social em um âmbito mais externo, adaptando-a à situação de um país, torna-se nítido do mesmo modo, que a abrangência desse fenômeno global que vem assolando economias e vidas humanas, gera consequências relacionadas não apenas entre pessoas que até então conviviam em um mesmo meio, mas também provoca um distanciamento das redes de integração e fluxos entre as próprias nações.
Desde o primeiro semestre de 2020, analisa-se uma queda considerável nos setores portuário e logístico. Esse momento criou incertezas para o mercado econômico causando fortes oscilações nas moedas estrangeiras; queda no volume das negociações; redução da capacidade de fornecimento dos produtos importados; aumento dos fretes internacionais; alterações cambiais, queda na arrecadação de impostos por produtos exportados, em razão dos problemas na arrecadação de impostos, entre tantas outras questões.
Devido a pandemia ter iniciado na China, que se configura hoje como uma das principais parceiras comerciais do Brasil e principal exportadora mundial, uma das soluções encontradas foi uma maior aproximação aos fornecedores em outros países e de suas respectivas oportunidades de negócios com diversificação de novos produtos que esse contato viabiliza, já que não é somente o plano econômico que se se encontra a pauta de importações e exportações de bens de consumo, os elementos sociopolíticos como as relações entre as nações e as convenções estabelecidas são também fatores primordiais. Uma das medidas eficientes apontadas pelo Supply Chain (que se configura como uma série de processos que encadeiam uma cadeia de suprimentos), em meio à crise, é o uso de um estoque de segurança e o apoio de diversos fornecedores, com o intuito de evitar que o mercado brasileiro seja economicamente dependente de um outro país. Na tentativa de encontrar estratégias e novas soluções de abastecimento, uma outra especialização oferecida ao profissional de comércio exterior, é justamente a possibilidade de um conhecimento mais aprofundado nessas cadeias de suprimentos, relacionada principalmente às questões de transporte, estoque e armazenamento, com o objetivo de reduzir custos e aperfeiçoar os serviços.
Diante deste novo cenário, diversos profissionais buscaram se adaptar às circunstâncias e encarar os desafios, e não foi diferente para os profissionais que lidam diretamente com o comércio exterior e com as exigências do mercado. Com o isolamento social o profissional de comércio exterior teve que se habituar ao trabalho em home office; os documentos físicos tornaram-se eletrônicos; as reuniões com clientes e fornecedores, assim como os treinamentos, foram adaptados para videoconferências ou através de aplicativos de comunicação rápida como whatsapp/teams/skype/meet.
Na deficiência de produtos imprescindíveis às medidas para conter a disseminação do vírus, em diversas localidades do Brasil, a CAMEX (Secretaria executiva da câmara de comércio exterior) zerou o imposto de alguns produtos importados, como medicamentos, equipamentos hospitalares, kits de máscaras e produtos de higiene. A assinatura eletrônica, voltada às importações e exportações de produtos vegetais (principalmente a soja, visto que o Brasil é o segundo maior exportador no ranking mundial) foi uma importante medida de segurança e confiabilidade implementada com o objetivo de reduzir o contato físico entre os agentes da área de comércio exterior e a fiscalização federal. São esses alguns aspectos tributários que foram alterados em nível legislativo, correspondentes principalmente à flexibilização do ICMS, que se trata do imposto sobre circulação de mercadorias e serviços.
O transporte de cargas é um setor indissociável ao comércio exterior, sua situação frente à pandemia demonstra claramente a capacidade de aperfeiçoamento dos serviços. A sistematização e a modernização do despacho aduaneiro, por exemplo, já são uma realidade que facilitou especialmente o processo de emissão dos documentos envolvidos. A preparação para um futuro digital que estava surgindo nessa área foi agilizada com a pandemia, o que representa uma grande oportunidade de aplicar uma visão inovadora de forma prática ao mercado e aos negócios que se encontra em pleno crescimento no Brasil, como por exemplo, uma maior exploração do e-commerce e o uso de drones para o transporte de produtos, objetivando a conquista dos desafios já existentes e daqueles que ainda surgirão.
As perspectivas para o futuro do comércio exterior no período pós Coronavírus incluem um processo de normatização gradativa juntamente com um aumento das políticas protecionistas e com as medidas na busca pela estabilidade econômica, que conforme as projeções, deverá ocorrer nos três anos posteriores à retomada das atividades integrais. A tecnologia é uma importante aliada do setor importador e exportador, sendo fundamental tanto durante o período de isolamento, através do qual as atividades podem ocorrer de maneira remota, quanto na busca pela recuperação econômica do país futuramente. As fiscalizações possivelmente serão mais intensas, e as empresas passarão a contar com bases e sistemas apropriados às demandas. Além disso, para a efetivação de projetos confiáveis, novas metodologias e a referência das maiores indústrias do mundo com um vasto conhecimento acerca de negócios globais deverão ser inseridas no plano estratégico de retomada.