Entre a cognição e o cognitivo

Antes de iniciar o texto, vale repassar o conceito de cognição; que é a capacidade facultativa humana de aprender e reproduzir algo. E como isso se dá?

Ora, simplesmente fazendo uso das ferramentas que todos os Seres desta espécie possuem; ou seja, o aprendizado e fixação se dá através de uma minuciosa observação perceptiva, tanto ocular, quanto tátil. Portanto, excluindo o lado poético e vendo a questão, somente em razão da técnica construtiva, os olhos contemplam o visto, transformando-o em reprodução fiel ao visto e analisado.

O leitor irá ler a fantasia mais utópica, das utopias propostas pela espécie humana, entretanto, atentar-se, ter um par de olhos aguçados e vorazes para os ínfimos e desprezíveis detalhes que a Natureza dispõe naturalmente sem cobrar um mísero centavo furado de Real, pode ser de grande valia e aprendizado. Não, o leitor não leu errado; e se não fixou, ratifico escrevendo que pode fazer um grande e valioso efeito nos anos vindouros.

Chuchu. Embora não seja iguaria nobre e por não ser, provavelmente o leitor nunca comeu um refogado, mas pelo menos já viu o fruto.

A espécie pertence às trepadeiras; e é de fácil cultivo. Sua ramagem é extensa e necessita de espaço para se desenvolver. Por ser um fruto, o nascimento e reprodução das mudas são obtidas através da fecundação das sementes amadurecidas nos frutos velhos.

E ao aparecer o vigoroso mini-broto, necessita de água para completar a osmose e não secar o caule, terra e um pouco de adubo. Está terminada a maneira de cultivá-lo? Não, ainda não.

O chuchu por ser das espécies trepadeiras, obrigatoriamente, precisa de um substrato para sustentá-lo; e assim desenvolver o caule e folhagens. Ao expandir o caule, saem alguns fios verdes laterais, bastante flexíveis; os quais, serão responsáveis pela sustentação do todo. Mas para isto, eles (os fios laterais, também conhecidos como gavinas) terão que apoiar no substrato; e ao encontrá-lo, espiralam formando garras.

Embora crie um sombreiro, mas em muitos casos sem causar danos ao substrato, esse processo contínuo de relativa "dependência" é, automaticamente, renovado e duradouro.

Feita a leitura e conhecido o processo de formação e cultivo do chuchu, o leitor pergunta: "perfeito, fora que é fruto comestível, o que mais me interessa saber e qual a lição que eu tiro de todo esse conceito teórico"?!

Bem, pelo leitor nada digo, mesmo porque toda e qualquer leitura teórica, é interpretação subjetiva de cada um, mas para mim, fica o sentimento de livre interdependência. Não menos, uma relação de relativa simbiose, a qual o mutualismo, se não gera ganhos para ambas as partes, também não causa danos consideráveis à uma das partes; de modo que todos sobrevivam em harmonia e "respeito".

Por sinal, para escrever este "artigo", plantei um pé de chuchu na base de um mourão de cerca, o qual fez-me compreender para que serve o conceito de cognição e através dela, empreender conhecimento e aprendizado; não apenas biológico, mas principalmente humano; o que só é possível, através de comparações e analogias assimilatórias.

É através dessas ferramentas que as crianças são iniciadas no processo de aprendizado-conhecimento. Nesse ponto, adulto ou idoso nenhum pode negar que não seja uma criança, afinal, dizem com letras maiúsculas que durante o ciclo vital, "vivendo e aprendendo, sempre".

O empirismo laboratorial da Natureza é enciclopédia ambulante que aborda e relaciona todos os assuntos e questões em atos cognitivos interdependentes, mas para isto, haja vista e tempo para o que é natural; fato que está perdido nos recônditos dos artificiais superficialismos.

Parafraseando o maior humanista contemporrâneo, Charlie Spencer Chaplin, que clamou "por mais humanismo e menos máquinas; peço encarecidamente, mais humanismo natural e menos artificialismo superficial, por favor.

Os pés de chuchus, as aves, os pássaros, a bicharada, as árvores, a fauna, a flora e os homens sensatos de boa vontade, agradecem!

Entre a cognição e o cognitivo, há uma lição inerente ao homem e todos sabem de cor, porém resta-nos aprender e empreendê-la, e não decorá-la. Amiúde, ao contrário da proposta teórica, entre a cognição e a aplicação cognitiva em ato consumado, há um distanciamento considerável.

Mutável Gambiarreiro
Enviado por Mutável Gambiarreiro em 01/06/2020
Reeditado em 01/06/2020
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