A Difícil Arte de ser Humilde!
A palavra humildade, é originada de humilitas em latim; e em sentido macro, é àquele que reconhece suas falhas e limitações. Verdade absoluta, pois em meio à tantos ruídos estrondosos de coisas e manias de grandeza, quem nos dias de hoje, expõe-se à humildade e consegue ser humilde?
Sobretudo, diante de uma sociedade modelada, dividida em castas raciais, personalizada pelo que aparenta por fora e uniformizada em padrões e classes distintas, é anti-social quem não alinha-se com um, ou outro estilo de vida.
Ademais, os humanos são animais gregários e por viverem em bandos, ter, apresentar-se, agir como a maioria do bando, é sentimento de aceitação, é integrar-se e ser benquisto pelo bando.
Por trás da humildade, vêm outra "postura" não declarada, que é a simplicidade; e ambas se completam. Deveras, impossível haver um ato espontâneo, livre dogmas e modelos, interiorizado, desprendido de orgulho, soberba e canalizado para o bem, sem que o feitor não deguste dessas duas sublimes dádivas.
Os anais de História Mundial traz alguns relatos de seres comuns de carnes e ossos, que revolucionaram os costumes e comportamentos de seus povos, através de atos simples e humildes; dentre os poucos iluminados, destaque para Mahatma Ghandi (a grande alma) que livrou, arrancou a Índia e seus irmãos das garras da Inglaterra, pregando a paz, a humildade, o absolutimo da fé e crença no amor ao próximo.
Dentre os seres comuns, Ghandi foi o humanista e espiritualista mais humano que a humanidade conheceu; e muito provavelmente, não existirá outro como ele. Resumindo, Ele por Ele mesmo, em apenas uma frase: "se queres conhecer os pormenores e intimidades de seu vizinho, lave o seu banheiro". Em se tratando de humildade, dizer mais o quê sobre Ele.
Porém, quem fez, e esta vívido no pensamento e história dos humanos, é Cristo. E para exemplificar o seu apreço e humildade com os apóstolos, transformarei alguns versículos bíblicos em um pequeno conto.
- Findara a luz do dia e o escuro da noite chegava sereno, silencioso e manso. Todos estavam extenuados pela longa peregrinação. Sentaram-se em um lugar qualquer, oraram e sem maiores motivos, iniciaram a resenha do dia.
Cada um contava suas glórias e conquistas, com mais ênfase que o outro. A peregrinação fora bem produtiva para todos. Envolvido em silêncio profundo, Cristo ouvia atentamente o proseado dos discípulos; quando em dado momento, um deles o indagou: "Jesus, conte-nos como foi a pregação de nosso líder, hoje".
Cristo pediu licença e ausentou-se à reunião por uns minutos. Em seguida, retornou com uma bacia de água morna e disse para todos: "como o meu dia foi improdutivo e ainda que fosse produtivo, não compararia às proezas feitas por vós, vou fazer minha obra agora, lavando os pés cansados e calosos de todos. Servirá de fortalecimento e reanimação, pois amanhã retornaremos à estrada e como hoje, a caminhada será longa e desgastante; e muitos necessitados e oprimidos aguardam por vossas palavras de conforto".
A humildade não requer contação de glórias, devaneios e exposição competitiva, ao contrário, competiu em palavrórios, é sinal que o suposto das obras está necessitando palmas e um busto com placa dedicatória em praça pública, cuja finalidade é ser visto e lido, pelos visitantes e transeuntes.
Volte no primeiro parágrafo e releia-o. Feito isso, associe a definição humana dicionarizada, com o singelo ato lavapés de Cristo. Não é novidade para ninguém que o filho primogênito do Criador tinha o poder de curar os enfermos.
Nota-se pois, que a humildade demanda percepção, sentimentos apurados, é a empatia de existir no outro, redundando em atitudes virtuosas; pois o humilde é resignado e contenta-se com o que tem e ainda divide-o, o que convenhamos, não é atributo da maioria.
Ainda mais numa era tomada pela ostentação, vaidade, ego, grandeza e a mais opositiva: nobreza. E não há ninguém que não queira ser nobre, pelo menos por um dia.
Humildade é feliz arte, a qual é raro, um ou outro catado a dedo, se dispõe ser artista felizardo. O quadro pode até ser bem pintado, mas o tempo provará que os mínimos detalhes da obra não condizem com os traços e imagem expostas em moldura; afinal, não é fácil ser humilde 24h por dia, 30 dias por mês, 365 dias por ano, durante uma vida longa.