MARÉS, PLACAS E CONTINENTES - EXEMPLOS DE CRIAÇÃO E RECRIAÇÃO
MARÉS, PLACAS E CONTINENTES - EXEMPLOS DE CRIAÇÃO E RECRIAÇÃO
Quem já ouviu falar em Pangeia? Creio que todos aqueles que já passaram por breves ou profundos estudos de geografia já o sabem. Mas o que dizer de Columbia, Panótia e Rondínia?
Esses nomes se relacionam aos supercontinentes que geologicamente tivemos na história do nosso planeta, e que foram suficientes para marcar o desenrolar da história da vida, trazendo os avanços e retrocessos que por ventura desencadearam o atual desenho dos nossos espaços de vivência, sob o efeito das marés que ajudam a afastar ou aproximar, tanto terra como gente.
Hoje já percebemos que a América do Sul, era ligada à África e está à deriva, rumando em direção à Ásia ou Oceania, desde 138 milhões de anos atrás. E é por isso que temos os Andes, já que nos chocamos com a placa do pacífico.
Aí é que descobrimos a fragilidade de tudo, pois onde antes eram florestas densas, hoje é deserto, e vice versa. Havia uma floresta importante no norte da África, que hoje é o Saara, e aqui, na Amazônia, que era um grande deserto, hoje viceja uma estupenda floresta, mas que traz sua história geologicamente recente, quando os estudiosos afirmam que o seu subsolo tem uma tênue camada de terra, sobre um grande manto arenoso, que é resquício do antigo deserto. Isso faz com que nosso grande bioma seja auto dependente, onde cada vida está entrelaçada à outra e onde cada árvore ou arbusto sobrevive dos nutrientes de outros espécimes, numa grande interdependência, que praticamente não depende do solo.
Mas é na profundidade dos oceanos, que um mistério se germina, pois é lá que estamos mais próximos do grande núcleo ardente do nosso mundo, que tem pressão cardíaca como nós e que pulsa para a vida, que se cria e se recria.
Como um embrião que cresce, abarcando todos os nutrientes que pode para se desenvolver, e finalmente rompe a placenta para dar às claras, as placas continentais se vêm dançando sobre esse mar de lava ardente, se deixando levar pelas marés, com seus ventos uivantes, buscando criar e recriar.
E nesses ventos que uivam, vislumbramos os lobos selvagens, que se transmutam para dóceis ou loucos cães, ao sabor do querer da humanidade, que manipula as espécies, tornando tudo hibrido.
E como se obter um perfil autentico, quando não se consolida um caráter? Como lidar com a nova genética, que modifica a tudo sem a temperança dos séculos e milênios, já que a natureza trabalha como as formações rochosas numa caverna úmida, onde um estalactite segue padrões de crescimento que beiram um centímetro a cada mil anos?
E assim, vamos ao sabor das marés, que sobe e desce numa constante que molda os litorais e nos passa a impressão dos ciclos da vida, que num vai e vem nos embala na corda bamba do existir tão recente, do não ser parte consistente da história do planeta Terra, mas sabermos apenas ser seu mais recente minuto.
Seja no vicejar de todos os adensamentos terrestres, como em suas distensões, onde hoje estamos, podemos perceber que o evoluir continuará ao sabor do Cosmo, formando estrelas e também as findando, fazendo de nós necessários amantes do hoje, do viver com desapego ao passado e ao futuro, mas louvando tudo que foi criado, mesmo que tudo seja efêmero, pois aqui estamos apenas de passagem, marcando nossos vidas pelos atos pelos quais seremos lembrados, e não pelo cálice de vinho que as cepas milenares de um berço mediterrâneo possam produzir e nos embriagar.
Afinal, as paixões são passageiras e o néctar das flores da eternidade estão apenas no âmago do sincero amor. Amor pela vida partilhada, mesmo que alguns não se percebam mergulhados nesse oceano de mistérios e teimem em buscar a discórdia e o desconstruir, pois sempre será mais fácil deixar estar ou destruir do que edificar.
Torço para que as nossas placas tectônicas confabulem sempre para deixar esse planeta continuar seu estigma de paraíso, embora muitos o acreditem como inferno, que se mistifica no duelo do bem contra o mal, que vicejam e se enfrentam apenas em nossas almas e na prática do nosso existir.
Texto publicado no Facebook em 12/04/2018.