O Nascer do Sol
Particularmente, considero todo fim da linha com certa alegria e abundante expectativa. São, de onde vejo, novas oportunidades de me reinventar. Como Retirante Nordestina que sou (desde bebê), aprendi a ansiar pela mudança de ciclos quando um vai se arrastando.
Graças ao meu velho pai, que mudou a vida inteira (primeiro pela busca de melhores oportunidades profissionais, depois pelo pastoreio), sou amante das mudanças. Se for de cidade, estado, melhora ainda. Nada como a novidade do lugar, a chance de reavaliar melhorias e aplicá-las, o ânimo renovado, a expectativa de novas e melhores oportunidades, a liberdade da escolha do novo. O êxtase de se transformar naquilo que nunca sonhou, a oportunidade de se ver comunicativa (para quem, igual a mim, foi antissocial um dia), a chance de olhar passado e presente, quase que tocando nas melhorias, não tem preço.
Há uns sete anos, já graduada em Letras, e confortável em minha antiga profissão (professora de colégio particular), optei por mudar de estado. Não é que o outro fosse ruim. Era muito bom, para quem gosta de linha reta e segurança sem alterações bruscas. Mas aí é que está o X da questão. Não gosto (nem fui criada para gostar) da comodidade de segurança eterna do emprego. Tive a chance, por diversas vezes, de prestar concurso para professores (e outras profissões). Tinha chances de passar, pois me preparei para estar apta a todas as oportunidades (isto é imprescindível). Mas, nunca me vi num mesmo ponto, morando em um mesmo lugar, em uma mesma casa, eternamente.
Não é que eu não tenha raiz. Muito pelo contrário: eu a tenho, e bastante sólida. Mas considero minha raiz, minha casa, móvel e não fixa, nem cidadina, nem local, ou ainda geograficamente restrita. Sou nômade por natureza (e por criação...rsrsrs). Sendo assim, me revifica a novidade, o inovador, a profissão que nunca sonhei em exercer (o universo da administração). Isso tudo torna minha vida mais interessante, ao menos do meu ângulo preferido.
Mas, para escolher mudar, ou aceitar a mudança quando a vida nos impõe, é preciso ter, antes de tudo, clara ciência de que recomeçaremos, e com os recomeços vão-se embora os assentos privilegiados, os confortos dos títulos. É, arregaçar as mangas e provar tudo de novo, construção nova, à qual somente se adaptam aqueles que não se apegam ao conforto dos títulos, e sim aos resultados com novos recordes, que exigem constante melhoria pessoal e profissional. Não é um campo simples de lidar. Mas o princípio é gostar de aprender, de melhorar. E somente tem este gosto quem se coloca na posição de copo sempre meio vazio.
Pois bem, agora estou diante de uma nova mudança profissional: a oportunidade de busca de novos horizontes de empregos. Poderia, semelhante a muitos na mesma situação, estar chorando ou em desespero, mas confesso que estou eletrizante com a expectativa de um novo universo, com novos aprendizados, novas casas a construir, novas melhorias pessoais e profissionais. E com essa iminente mudança, a vida me presenteou com uma oportunidade de MBA (Gestão de Negócios na USP/Esalq). Estou feliz da vida com este novo cenário, porque, embora pode acontecer de eu ficar desempregada por muito tempo, também pode acontecer de eu conseguir o emprego/o novo negócio que abrirá ótimos caminhos para minha vida profissional., proporcionando melhores oportunidades à vida pessoal.
Portanto, diferente do que fomos encucados a acreditar, mudanças são oportunidades de evolução do indivíduo, que precisa constantemente de melhorias. Sendo assim, é urgente a necessidade de aculturação desse equivocado conceito (medo da mudança), para a aceitação, e melhor aproveitamento, do novo.
Se eu pudesse dar um conselho, seria: mudem bastante, e aproveitem cada oportunidade estranha que vier com o novo.
Marta Almeida: 08/02/2018