Em meu silente caminhar, a meditar sobre a vida, por águas e terras de belezas mil. Vou às vezes chorando minha solidão, lamentando os tombos ao longo do caminho, mas parando sempre, diante da beleza de um entardecer, de um encantado e eterno amanhecer... Os primeiros raios do dia, belíssima aurora! Meiga luz do arrebol, e o dia se inicia, suas flores, seus movimentos, a massa em sua cadência, numa procissão de ir e vir, contínuo, sorrisos, lagrimas, crianças brincando, pássaros voando, amantes amando... Enfim, já não lembro que estava só. Sinto-me parte do dia. E o meu corpo é movimento, ao vento é chão, abrolhando plantação, verdeando os campos, entre as folhas bordadas com gotas de orvalhos. Reflexiva, ouço a canção do vento, o canto majestoso dos passarinhos, com seus voos exuberantes. E o dia vai passando, com ele entardeço a contemplar a relva convidativa a deitar-me sobre ela. Mas em pensamentos alados vou pousar em outro horizonte, de onde contemplo o por da terra, onde cessam-se as guerras e prevalece a paz. Então teço véus de infinita bondade, revestidos de vida com os raios poentes do sol em sua terna beleza. Adorno meu horizonte com mantos de ternura e bem querer. Então anoiteço, agraciada pelas sombras bordadas com réstias lunares. E adormeço deitada sob o chão folhado, de onde contemplo um céu de estrelas vívidas e a lua bonita a embrulhar-me de suavidade, deito-me no colo da terra, nos braços da noite, com o lençol da lua e quedo-me, ja não lembro o episódio que fez-me sair silente a lamentar a solidão desse meu dia, que tinha tudo para ser triste, mas para quem ama a vida e suas belezas, qualquer dia é dia de se ter paz e ser feliz...
Kainha Brito
Kainha Brito