JESUS TEVE UMA MULTIDÃO DE DISCÍPULOS
Antes de iniciar, essa reflexão, deixe-me perguntar uma coisa: Jesus teve apenas doze discípulos? Doze apóstolos apenas, em sua época?
Parece que não. Abra a sua Bíblia no Evangelho de João 6:64-66. Veja a palavra que está registrada no capítulo seis, versos 64 a 66 diz:
“Mas há alguns de vós que não crêem. Pois Jesus sabia, desde o princípio, quem eram os que não criam, e quem era o que o havia de entregar. E continuou: Por isso vos disse que ninguém pode vir a mim, se pelo Pai lhe não for concedido. Por causa disso muitos dos seus discípulos voltaram para trás e não andaram mais com ele.”
Veja que no trecho lido há uma referência que nos leva ao entendimento de que Jesus tinha, abre aspas “muitos discípulos”, fecha aspas. São estas as palavras de João, aquele que tinha maior intimidade com Jesus. E por que ele teria dito isso? Ora, porque de certo, Jesus não teve apenas doze, mas sim uma multidão de discípulos. A diferença é que muitos o abandonaram, e apenas doze permaneceram ali ao lado dele, o que não quer dizer que essas pessoas não retomaram depois a sua caminhada como discípulos. Não há relatos sobre isso, porquanto, não poderei aqui afirmar.
Veja o que está escrito em João 6:67: “Perguntou então Jesus aos doze: Quereis vós também retirar-vos?”
Pense comigo:
- Por que Jesus diria esta palavra?
- Por que faria esta pergunta?
- A que público-alvo ele se dirigiu nesse momento?
Ele se dirige aos doze que restaram ali, depois de seu duro discurso, feito aos judeus. Olha o que Pedro respondeu, em João 6:8: “Respondeu-lhe Simão Pedro: Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as palavras da vida eterna.”
O QUE ACONTECEU COM A MULTIDÃO DOS DISCÍPULOS DE JESUS?
Uma multidão ouviu aquele discurso, registrado em João 6:22-59, onde Jesus fala que é o Pão da Vida, e que, se comessem da sua carne, e bebessem do seu sangue, teriam a vida eterna, não sentiriam mais fome, quem se alimentasse da sua carne, e não sentiria mais sede, quem bebesse do seu sangue.
Os judeus não compreenderam esse discurso, porque estavam cheios de explicações racionais, baseadas na Lei de Moisés, esse é o contexto dessa palavra, daquilo que quero aqui falar. Deus me falou isso hoje, no meu TSD- Tempo Sozinho com Deus, no momento de meditação. E achei por bem escrever. Esse é um sermão para mim mesmo, mas pode servir para quem quer que ler essa palavra. Ora, porque a multidão não entendeu? Bom, é porque estavam, como já disse, com sua compreensão no nível racional, natural e humano. Jamais iriam compreender, porque, uma dos princípios da Lei Mosaica, composta de todo o código de leis formado por 613 disposições, cheia de ordens e proibições, que no hebraico é chamada de Torá, que pode significar lei como também instrução ou doutrina. Nessa Lei dizia que beber sangue é sacrilégio, e comer carne humana, nem pensar, apesar de haver um relato no Antigo Testamento de uma fome terrível, em que as mulheres comeram os próprios filhos. E essa punição estava profetizada em EZEQUIEL 5:8-10 Como punição, o Senhor fará com que as pessoas comam a carne de seus próprios filhos e filhas, cumprindo-se em Samaria.
Em tempo de extrema fome na terra de Samaria, duas mães combinam de cozinhar e comer os próprios filhos (2 Reis 6:24-33), mas ai dizemos, que absurdo, se a Lei proibia se alimentar com sangue, quanto mais humano? Claro que comer também a carne humana parece absurdo também. Mas isso já aconteceu, e agora, Jesus vem falando de uma FOME e uma SEDE ESPIRITUAL, e eles não entenderam isso. Se houve uma fome severa, onde os pais cozinharam os próprios filhos, há hoje uma fome severa e uma sede severa, que solapa a vida das pessoas. Jesus falou foi desta fome e desta sede: a sede de Vida eterna, a sede de Deus, e a fome de Deus. Quer se alimentar hoje? Coma do Pão Vivo que desceu do céu! Beba do seu sangue, para não ter sede mais.
Voltemos à história da MULTIDÃO de discípulos. Ao ouvir o discurso, feito por Jesus, o que aconteceu? Eles se dispersaram, e de uma MULTIDÃO de discípulos...
Quantos restaram?
1ª Lição que aprendemos: Só doze. (João 6:70). Mesmo assim, Jesus jamais desistiu de um daqueles sequer, que estivera ali, ouvindo-o. E isso ele mostra na parábola das 100 ovelhas e na parábola do Filho Pródico. (Luc.15:3-7; Luc. 15:11-31)
2) Dos 12, um traiu - Judas - que ainda se matou. Agora só restam onze. Mesmo Judas, se no lugar de remorso, se tivesse se arrependido, seria perdoado, embora, a Bíblia o chame de "filho da perdição".
3) Agora, só restam dez dos 11, porque um duvidou - Tomé. E agora, quem continuou acreditando? Só restaram dez acreditando de fato, porém, Tomé foi resgatado de sua incredulidade em um das reuniões com os discípulos. Mesmo cheio de dúvidas, e mesmo sem compreender pela razão, Tomé estava lá. E Jesus apareceu... E Jesus disse a Tomé: "Põe aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos; e chega a tua mão, e põe-na no meu lado; e não sejas incrédulo, mas crente."
E Tomé respondeu, e disse-lhe: Senhor meu, e Deus meu!
Disse-lhe Jesus: Porque me viste, Tomé, creste; bem-aventurados os que não viram e creram”. (João 20:27-29), Jesus nunca desiste mesmo. Você que é cheio de razão, um dia Ele te pega. Eu também era movido pela razão!
4) E agora, já temos Judas fora. Temos Tomé, que duvidou. Só restaram dez. Mas desses DEZ que acreditaram, um ainda negou a Jesus - Pedro. O relato encontra-se em João 18:27; Lucas22:57 e Mateus 26:72: “E Pedro negou outra vez, e logo o galo cantou”. “(...) E ele negou outra vez com juramento: Não conheço tal homem”. “(...) Porém, ele negou-o, dizendo: Mulher, não o conheço”. Pronto: só sobraram 9, porém, Pedro foi também resgatado quando chorou amargamente.
5) Dos 9, dois dormiram (João e Tiago), incluindo Pedro, ou seja, três dormiram. o resgatado. Pedro que já havia negado e fora Resgatado. Como resgatado? Sim, resgatado, porque o vemos subindo ao monte da transfiguração com Jesus juntamente com Tiago e João. Mesmo assim, com uma segunda chance, Pedro também dormiu. Veja: além de ter negado o filho de Deus, o carinha dormiu quando Jesus mais precisou dele! O Evangelho de Marcos 14:32-37 narra esse episódio. Mesmo assim Jesus não desistiu de acreditar na sua liderança, pois foi a ele (Pedro) que Jesus se dirigiu mais uma vez: “E, chegando, achou-os dormindo; e disse a Pedro: Simão, dormes? não podes vigiar uma hora?”. Só restaram 6 agora.
- Dormir foi a segunda falha de Pedro!
6) Mas e quanto a Tiago e João, que dormiram também? Dos 6 que restaram, o que mais iria acontecer?
- Jesus seria pego pelos soldados romanos, e levado a julgamento no cinéreo.
O que veio depois de 6 não acreditarem? Vieram...
- As acusações formais.
- O martírio.
- O vilipendio.
- E por fim, a Crucificação!
Jesus fez tudo isso por nós, vis pecadores.
O QUE APRENDI COM O RESGATE DE PEDRO?
Dessa reflexão, algumas perguntas me vieram à mente, creio que feitas pelo Espírito Santo durante a meditação:
- Por que Jesus teria levado Pedro ao monte da transfiguração, se este o negaria, horas antes? (Jesus não saberia disso? Claro que sabia, porque é Deus).
- Faze-te ao mar alto, e lançai as redes...”, Pedro o obedeceu, e com isso presenciou o primeiro grande milagre dos peixes intitulado em algumas Bíblias como “A Pesca Maravilhosa”;
- Tinha pré-disposição a defender quem estava do seu lado: Por impulso de um verdadeiro líder, Pedro puxou sua espada, cortando a orelha do soldado de nome Malco em João 18:10, mas Jesus o repreende por isso;
- É com Pedro que Satanás ficou preocupado, e quis derrubar (Lucas 22:31,32).
O que entendi pelo Espírito, sobre PEDRO, também, é que, apesar de suas fraquezas, que o levou a negar a Cristo, esse cara tinha uma pré-disposição para ser líder. Basta vermos alguns atributos de um líder nas narrações relacionadas a Pedro: Ele quem vai à frente em vários momentos, como pescador e como seguidor de Jesus.
- Como pescador, é para ele que Jesus dirige a palavra (Mat. 4:18-20).
- É também para Pedro que Jesus diz, em Lucas 5:4: “Quando acabou de falar, disse a Simão: Faze-te ao largo e lançai as vossas redes para a pesca.
- É ele que responde a Jesus com uma justificativa: Ao que disse Simão: Mestre, trabalhamos a noite toda, e nada apanhamos; mas, sobre tua palavra, lançarei as redes”. (Luc.5:5)
- Como pescador, é para ele que Jesus dirige a palavra (Mat. 4:18-20).
A preocupação de Satanás com Pedro narrada por Lucas: “E, quando acabou de falar, disse a Simão: “Disse também o Senhor: Simão, Simão, eis que Satanás vos pediu para vos cirandar como trigo; mas eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça; e tu, quando te converteres, confirma teus irmãos”. (Lucas 22:31,32)
E os que dormiram: Que lição aprendemos?
Jesus chamou Pedro para o monte da transfiguração, porque tinha um plano. Jesus entendeu que, aquele Pedro-lider, precisava ser resgatado, por isso o levou consigo. João e Tiago, que também dormiram. O que isso nos ensina?
“Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, aos quais deu o nome de Boanerges, que significa filhos do trovão;
André; Filipe; Bartolomeu; Mateus; Tomé; Tiago, filho de Alfeu; Tadeu; Simão, o zelote,” (Marcos 3:17,18)
Dormindo na Vigília...?
Os dois discípulos João e Tiago, que dormiram, além de Pedro, também nos ensinam uma lição.
1) O “discípulo do amor”: João é chamado de “O discípulo do amor”, e, o fato de o “discípulo do amor” ter dormido na ora da oração de Jesus, nos ensina algo muito importante: Que o amor não resolve. É preciso ter atitude de amor, desenvolver ações que demonstrem esse amor prático, que envolve tomar decisões de ir ou ficar, sacrificar algo, como o sono, por exemplo, para passar uma vigília com Jesus. Mas não era uma vigília cheia de louvores alegres para animar, um louvor que envolve técnicas para manter-nos acordado e muito barulho para manter o “zezão da mata” (espírito do sono) longe de nós. João não conseguiu sacrificar o sono, ele dormiu de babar, assim que o primeiro momento daquela vigília começou. Nem esperou acontecer o segundo, e quasndo este veio a acontecer, lá estava o “discípulo do amor”, cochilando. Dormindo de novo? Sim, como é de praxe em algumas vigílias. Aquela vigília era sem louvor: Não havia uma banda tocando, naquela vigília não havia louvor, era um momento triste, onde até as gotas de suor de Jesus transformaram-se em gotas de sangue. Ele já sentia toda a dor que iria passar brevemente, e aquele cálice era inevitável, e só Ele, e apenas Ele poderia bebê-lo. O Dr. Paul E. Billheimer, evangelista e veterano mestre da Bíblia, autor do livro Seu Destino é a Cruz afirma que Jesus era o único habilitado para representar-nos no “tribunal do mundo espiritual”, e depois, sair de lá vitorioso e com as chaves da morte e do inferno nas mãos para entregá-la para a Igreja. Cristo já sentia todo o ardor da luta que iria ser travada, desde o seu julgamento, passando pela trajetória da via-crúcis (do latim Via Crucis, "caminho da cruz") que é o trajeto seguido por Jesus carregando a cruz, que vai do Pretório até o Calvário, para enfim, ser ali crucificado e morto, e três dias depois ressuscitar.
2) “Filhos do Trovão”: João e Tiago também chamados por Jesus de “Filhos do Trovão”. O trovão é barulhento, causa espanto, então eles tinham que estar em alerta, não podiam cochilar durante aquele momento de agonia de Jesus. Precisava de alguém que passasse ânimo, porém eles dormiram. Isso significa que o barulho natural não resolve o problema, não é sinal de agir do Espírito Santo, porém há também barulhos que são sinais do agir de Deus, e é deste barulho do agir de Deus, e não do natural, que Jesus precisava.
Todo barulho é sinal da presença de Deus durante um culto?
Não! Pode ser um barulho da carne, da emoção, e nada espiritual. Porém, na derrubada dos muros de Jericó Josué orientou o povo a fazer muito barulho (Josué 6:16,20), e no toque das trombetas e gritos em uníssono, os muros caiaram.
Diz na narrativa de Josué: “Gritou, pois, o povo, tocando os sacerdotes as buzinas; e sucedeu que, ouvindo o povo o sonido da buzina, gritou o povo com grande brado; e o muro caiu.”
A Bíblia relada manifestações de Deus com muito barulho (Êxodo 19:16-20). NO MONTE SINAI apareceu ocultado por uma grande NUVEM LUMINOSA, de onde vinham relâmpagos, trovões e som de buzina muito alto; barulho de trovão e relâmpagos.
Há momento que o silêncio é necessário Josué 6:10: “Porém ao povo Josué tinha dado ordem, dizendo: Não gritareis, nem fareis ouvir a vossa voz, nem sairá palavra alguma da vossa boca até ao dia que eu vos diga: Gritai. Então gritareis.”
Salmos 46:10: “Aquietai-vos, e sabei que eu sou Deus; serei exaltado entre os gentios; serei exaltado sobre a terra.”
Que tipo de barulho, temos ouvido na Igreja?
Que tipo de barulho, temos feito? Barulho da alma? Barulho meramente carnal? O Espírito ou da emoção?
O barulho que causa medo ao inferno não é aquele feito pela carne e nem com as emoções, mas aquele que é dirigido pelo próprio Espírito de Deus: o espiritual!