Dr. Bento Cruz, um Nobre Barrosão
Morre Dr. Bento Cruz, um nobre barrosão, um homem de vasta cultura, de larga visão, médico e escritor. A formação acadêmica exigida para se chegar ao título de doutor era um longo caminho que passava por um conhecimento profundo nas demais áreas do saber.
Dr. Bento Cruz não fugiu à regra: feitos os estudos das primeiras letras em Peirezes, uma aldeia modesta, sua terra natal, onde viveu até aos
quinze anos. Seus pais não mediam sacrifícios para que os filhos homens frequentassem um Seminário na esperança de virem a ter um filho padre.
Assim Bento Cruz deixa a sua pacata aldeia de Peirezes e vai para uma escola claustrual de Singeverga criada e administrada por monges beneditinos. Ali passa grande parte da juventude.
A disciplina beneditina, tenho por mim, que não Lhe era pesada demais, pois tinha a contrapartida de se aprimorar nos estudos clássicos, chegando mesmo a ser diretor literário das revistas estudantis “ O Colégio e Claustrália”.
Entre leituras e aprendizagens advindas dos grandes clássicos , não foi difícil concluir o curso de seminarista.
Muitos filhos de Barroso iam para os seminários por ser a melhor opção para levarem avante os seus sonhos de virem a ser alguém na vida.
Com ele não foi diferente, sai do seminário e dois anos depois ingressa no curso de medicina na Universidade de Coimbra.
A vida de médico passa por Souselas no Concelho de Coimbra, mas claro que Barroso era o seu destino.
Ali prestou muitos serviços médicos, praticando clínica geral e estomatologia em seu consultório na aldeia de Pisões. Ali se andava a construir uma das maiores barragens do país e sua presença ajudou muitos trabalhadores que a andavam a construir.
Como médico percorria toda a região de Barroso. A seu modo era um beneditino a ajudar os pobres a quem curava sem cobrar nada e ainda
oferecia medicamentos gratuitamente.
Existem muitos testemunhos desses.
Ali naquela terra longe de tudo que pudesse minimizar o sofrimento daquela gente sofrida era o Dr. Bento Cruz, e mais um ou dois médicos a curar e salvar vidas.
A par deste trabalho havia outro não menos significativo, era escritor, senhor de muito saber.
Cada lançamento de um livro seu era uma festa na Vila de Montalegre. Patrono da escola secundária Bento Cruz, de Montalegre. Na portaria deste estabelecimento de ensino secundário em sua homenagem se encontra uma placa de mármore com a inscrição que deixa claro quanto o médico e escritor Dr. Bento Cruz amava esta região:
“ O Barroso é um Paraíso, o único ou um dos poucos que ainda existem à face da Terra”.
Fundou o jornal “Correio do Planalto” suas crônicas e artigos na sua maioria têm como tema principal histórias rurais, a vida simples e sofrida
daquele gente humilde que não tinha com quem contar, gente cuja única saída era o mar.
Com este artigo presto mais uma homenagem póstuma ao médico, que com paciência beneditina ajudou, curou, salvou muitas vidas .
Como escritor mostrou ao mundo aquela região, as belezas naturais daquela terra fronteiriça, o modo de ser e de viver daquela gente brava, altaneira, que à semelhança dos carvalhos, a árvore que mais simboliza esta região, não se verga diante das dificuldades da vida.
Para quem quiser conhecer melhor este nobre escritor barrosão indico as obras:
Hemoptise, sob o pseudônimo de Sabiel Truta, 1959
Planato em Chamas, 1963
Ao Longo da Fonteira, 1964
Filhas de Loth, 1967
Contos de Gostofrio, 1973
O Lobo fuerrilheiro, 1980
Planalto do Gostofrio,1992
Histórias da Vermelhinha, l991
Histórias de lana-Caprina, 1994
O Retábulo das Virgens Loucas, 1996
A Loba, 1999
A lenda de Hiran e Belkiss de 2005
A Fárria, de 2010 ( comemoração de 50 a nos de vida literária.
Lita Moniz
( em São Paulo )
Morre Dr. Bento Cruz, um nobre barrosão, um homem de vasta cultura, de larga visão, médico e escritor. A formação acadêmica exigida para se chegar ao título de doutor era um longo caminho que passava por um conhecimento profundo nas demais áreas do saber.
Dr. Bento Cruz não fugiu à regra: feitos os estudos das primeiras letras em Peirezes, uma aldeia modesta, sua terra natal, onde viveu até aos
quinze anos. Seus pais não mediam sacrifícios para que os filhos homens frequentassem um Seminário na esperança de virem a ter um filho padre.
Assim Bento Cruz deixa a sua pacata aldeia de Peirezes e vai para uma escola claustrual de Singeverga criada e administrada por monges beneditinos. Ali passa grande parte da juventude.
A disciplina beneditina, tenho por mim, que não Lhe era pesada demais, pois tinha a contrapartida de se aprimorar nos estudos clássicos, chegando mesmo a ser diretor literário das revistas estudantis “ O Colégio e Claustrália”.
Entre leituras e aprendizagens advindas dos grandes clássicos , não foi difícil concluir o curso de seminarista.
Muitos filhos de Barroso iam para os seminários por ser a melhor opção para levarem avante os seus sonhos de virem a ser alguém na vida.
Com ele não foi diferente, sai do seminário e dois anos depois ingressa no curso de medicina na Universidade de Coimbra.
A vida de médico passa por Souselas no Concelho de Coimbra, mas claro que Barroso era o seu destino.
Ali prestou muitos serviços médicos, praticando clínica geral e estomatologia em seu consultório na aldeia de Pisões. Ali se andava a construir uma das maiores barragens do país e sua presença ajudou muitos trabalhadores que a andavam a construir.
Como médico percorria toda a região de Barroso. A seu modo era um beneditino a ajudar os pobres a quem curava sem cobrar nada e ainda
oferecia medicamentos gratuitamente.
Existem muitos testemunhos desses.
Ali naquela terra longe de tudo que pudesse minimizar o sofrimento daquela gente sofrida era o Dr. Bento Cruz, e mais um ou dois médicos a curar e salvar vidas.
A par deste trabalho havia outro não menos significativo, era escritor, senhor de muito saber.
Cada lançamento de um livro seu era uma festa na Vila de Montalegre. Patrono da escola secundária Bento Cruz, de Montalegre. Na portaria deste estabelecimento de ensino secundário em sua homenagem se encontra uma placa de mármore com a inscrição que deixa claro quanto o médico e escritor Dr. Bento Cruz amava esta região:
“ O Barroso é um Paraíso, o único ou um dos poucos que ainda existem à face da Terra”.
Fundou o jornal “Correio do Planalto” suas crônicas e artigos na sua maioria têm como tema principal histórias rurais, a vida simples e sofrida
daquele gente humilde que não tinha com quem contar, gente cuja única saída era o mar.
Com este artigo presto mais uma homenagem póstuma ao médico, que com paciência beneditina ajudou, curou, salvou muitas vidas .
Como escritor mostrou ao mundo aquela região, as belezas naturais daquela terra fronteiriça, o modo de ser e de viver daquela gente brava, altaneira, que à semelhança dos carvalhos, a árvore que mais simboliza esta região, não se verga diante das dificuldades da vida.
Para quem quiser conhecer melhor este nobre escritor barrosão indico as obras:
Hemoptise, sob o pseudônimo de Sabiel Truta, 1959
Planato em Chamas, 1963
Ao Longo da Fonteira, 1964
Filhas de Loth, 1967
Contos de Gostofrio, 1973
O Lobo fuerrilheiro, 1980
Planalto do Gostofrio,1992
Histórias da Vermelhinha, l991
Histórias de lana-Caprina, 1994
O Retábulo das Virgens Loucas, 1996
A Loba, 1999
A lenda de Hiran e Belkiss de 2005
A Fárria, de 2010 ( comemoração de 50 a nos de vida literária.
Lita Moniz
( em São Paulo )