Momento de civilidade e otimismo
O dia 13 de setembro de 2012 já se tornou uma data histórica em Viçosa-MG. Certamente muitos não o verão assim e talvez até mesmo outros achem que nada de importante aconteceu. Pelo menos para mim a Câmara Municipal de Viçosa foi, na referida data, um verdadeiro cenário de casa legislativa pautada nos ideais mais nobres da democracia.
Participar da audiência pública sobre cães e gatos abandonados foi uma experiência que me levou a acreditar ser possível continuar otimista quanto às lições de civilidade. Vi representantes das três chapas que disputam o Executivo Municipal se cumprimentando de forma madura, ao mesmo tempo em que apresentavam propostas de ações conjuntas em prol desse problema coletivo.
Na audiência também vi representantes de órgãos públicos e de instituições privadas e do terceiro setor debaterem com os cidadãos presentes projetos e soluções possíveis e palpáveis para as demandas dos animais abandonados. Ali eu tive a certeza de que não há problemas de quaisquer áreas que não possam ser avaliados e debatidos pela sociedade quando ela se propõe a resolvê-los.
Há pouco tempo a mesma Câmara Municipal abriu as suas portas para uma audiência pública sobre cultura – uma área tão relegada a último plano quanto a dos animais abandonados. Pessoas sérias e totalmente envolvidas com projetos culturais variados debateram o tema e propuseram saídas viáveis.
Que administrador municipal bem intencionado não gostaria de contar com uma sociedade civil organizada, marcada pela presença de profissionais qualificados, por entidades com o voluntariado já desenvolvido e com projetos coerentes para serem implantados? Mesmo ainda estando longe de ser um município modelo para o que quer que seja, Viçosa gira em torno de uma das áreas mais importantes de qualquer sociedade: a educação. A UFV (Universidade Federal de Viçosa) é o carro-chefe; em função dela a cidade já recebeu e continua recebendo milhares de estudantes, educadores, pesquisadores, cientistas, intelectuais... A partir dela outras tantas instituições de ensino particulares e entidades do terceiro setor têm ajudado a criar uma atmosfera propícia à lapidação do conhecimento e às mudanças capazes de tornar melhor a realidade.
Nestes mais de 12 anos como editor-voluntário do Jornal GAMBOA – Grupo dos Amigos de Boa Nova-BA (publicação educativo-cultural gratuita, voltada para a minha cidade natal) e quase um ano e meio como voluntário da SOVIPA – Sociedade Viçosense de Proteção aos Animais, tenho absoluta convicção de que é possível colocar em prática aquela frase de John Lennon – “pense globalmente e aja localmente”. Já são mais de 200 voluntários (a maioria estudantes da UFV) envolvidos com o cotidiano da SOVIPA e não param de surgir interessados em participar. O número altíssimo de jovens que moram ou estudam em Viçosa faz com que a cidade possa contar com voluntários para as mais diversas causas sociais. Basta apenas encontrar entidades organizadas que queiram envolvê-los.
O momento de civilidade e otimismo a que me refiro no título deste texto não é apenas o que presenciei na audiência pública em favor dos animais abandonados. É o que se anuncia para os próximos tempos, principalmente tendo as redes sociais da internet como vetores de organização e divulgação das ideais e ações individuais e coletivas.