TERCEIRA E ÚLTIMA CARTA SERÍSSIMA AO MINISTRO DA PESCA SENADOR CRIVELLAESCRITOS DE SSPÓVOA.
TERCEIRA E ÚLTIMA CARTA SERÍSSIMA
AO MINISTRO DA PESCA SENADOR CRIVELLA
ESCRITOS DE SSPÓVOA
É curioso, Senhor Ministro da Pesca, como foi feito o endividamento dos pescadores do litoral Leste do Ceará, que eu conheço bem. Como se sabe, em todas as instituições financeiras que concedem créditos , especialmente os bancos oficiais, mais difícil do que o dinheiro, são as normas e burocracias para que os recursos sejam liberados. Na agricultura, antes de mais nada, técnicos e fiscais do financiador, visitam, pesquisam, avaliam e comprovam de alguma forma que a terra existe e que pode ser plantada.Feito isso, o dinheiro é liberado em parcelas, acompanhando todo o processo do cultivo.
Em se tratando de crédito imobiliário, após aprovado, os fiscais atestam que a obra foi iniciada, que já se levantou uma parede, e outras obras pertinentes e o financiamento é feito em parcelas e só termina quando o imóvel esta pronto para ser ocupado e, assim, por diante.
Lá, no Ceará, os pescadores assinaram papéis e tudo o mais que fora exigido e ficaram esperando os navios de pesca que nunca chegaram ao mar.
Aí se pergunta o porquê o “estaleiro”, que nem instalações sólidas tinham e muito menos máquinas e coisas tais, recebeu sem maiores dificuldades os valores correspondentes aos barcos encomendados, quando seria normal que os pagamentos fossem feitos na medida em que as embarcações fossem sendo construídas. Seria normal que fiscalizassem se o caso estava pronto e de acordo com o especificado. Note-se que os navios vendidos seriam de fibra de vidro.
Ninguém nunca viu onde estavam os motores, as máquinas de aplicação da resina e as demais peças. Admite-se que a cada etapa construída, seria liberada a parcela correspondente.
Não foi assim.
Após a longa espera e os sonhos das embarcações para a pesca, que seriam pagas com o pescado e os camarões retirados do mar, começaram a receber as cartas de cobrança e as ameaças de execução em juízo. O que é mais estranho e o motivo de indagações, é que não se tem notícia de nunca terem ido àquelas praias conferirem se os barcos estavam no mar ou ancorados n’algum estaleiro de algum lugar. Os barcos nunca foram entregues. Ouviam-se comentários de que apenas um teria sido levado para Fortim.
E as fábricas de gelo e câmaras frigoríficas que seriam construídas nas localidades dos pescadores, para fornecer o gelo e estocar o produto da pesca?^
Eu cheguei a ver duas fábricas dessas, todas desativadas. A de Majorlândia, exposta a céu aberto. A de Quixaba, que são praias contíguas, enferrujada num prédio que pertencia a Associação dos Pescadores, da qual fui presidente e, que tinha sido vendida, não se sabe como, para um particular.
Sr. Ministro da Pesca, Senador Marcelo Crivella, já que o Brasil tenta consolidar uma fase de austeridade, porque não solicitar ao respeitável Ministério Público ou a própria Polícia Federal, para que se descubra tanta generosidade do Banco do Nordeste(Agencia de Aracati-CE) e onde estão os navios encomendados pelos pescadores que jamais foram vistos, lembrando-se que os pescadores estão devendo-os, certamente para toda a vida e dos seus filhos netos e bisnetos.