Os animais não votam, mas nós sim!
Foi com a frase “Os animais não votam, mas nós sim!” na faixa de frente que dezenas de pessoas em Viçosa-MG saíram às ruas para respaldar a manifestação nacional “Crueldade Nunca Mais”, realizada no dia 22 de janeiro último. As eleições municipais deste ano deverão trazer um ingrediente novo na pauta dos candidatos, pelo menos com relação à atenção aos problemas ligados ao abandono de cães e gatos.
Centenas de eleitores já começam a se manifestar sobre as exigências que farão acerca da inserção desse tema nos planos de governo. Os candidatos a prefeito e a vereador que já frequentam as redes sociais na internet sabem bem disso.
O abandono de cães e gatos não é um problema exclusivo de Viçosa, embora a cidade tenha um número exagerado de animais nesta condição. Há, inclusive, denúncias constantes envolvendo a soltura deles por pessoas dos municípios circunvizinhos.
Aqui mesmo neste espaço já tive a oportunidade de ressaltar que esse problema não é menor ou maior do que os demais que afligem a sociedade. Ele simplesmente existe como os demais, é sério como os demais, mas não possui uma ínfima parte da estrutura pública e privada para solucioná-lo ou amenizá-lo.
Conheço vários discursos antiquados, furados e estarrecedores de que a solução para os chamados “cães de rua” é o seu extermínio, de preferência com aval do Poder Público para ninguém se sentir culpado. Na verdade, humanos que não conseguem cuidar do meio em que vivem, dos seus semelhantes e dos seres que dependem totalmente deles não são capazes de administrar coisa alguma.
Eu e milhares de outras pessoas que acreditam na tese de um mundo melhor a partir do investimento pesado nas causas socioambientais faremos diferença nas eleições de outubro deste ano e nas demais que virão. O efeito-dominó das redes sociais, que chegou até mesmo a derrubar ditaduras no Oriente Médio, é a grande reviravolta contemporânea nas relações políticas. Nelas estão boa parte dos formadores de opinião, daqueles capazes de argumentar e contra-argumentar dentro de quaisquer debates de interesse da população.
Talvez alguns achem exagero o que vou afirmar, mas a história dirá que muito em breve também no Brasil presidentes, governadores, prefeitos e candidatos a cargos legislativos serão eleitos ou não a partir da repercussão de suas falas e plataformas em redes como Facebook e Twitter. Para se ter uma ideia concreta ainda dentro do tema dos animais abandonados, a SOVIPA – Sociedade Viçosense de Proteção aos Animais conseguiu, em menos de seis meses, o máximo de amigos hoje permitidos no Facebook: 5 mil (já teria, no mínimo, 20% a mais se fosse permitido um número maior). Pelo menos metade desse grande público é formada por eleitores de Viçosa ou dos municípios vizinhos.
Não se pode negar que Viçosa deu o pontapé inicial para resolver, a médio prazo, o problema dos animais abandonados. Além da própria SOVIPA, que existe há 12 anos, há projetos sérios para a área nascendo dentro da Universidade Federal de Viçosa (UFV), a exemplo do “Castramóvel” (que deverá amenizar bastante o nascimento desenfreado de cães nas ruas). Tem ainda o Canil/Gatil Municipal, que desde agosto do ano passado funciona dentro do Departamento de Veterinária da UFV, numa parceria entre a universidade e o Município.
A todos os futuros candidatos às eleições municipais de Viçosa e municípios vizinhos, aí vai um conselho: atentem-se a esta e a outras causas socioambientais tradicionalmente consideradas menores. Elas são (e serão daqui pra frente) as “bolas da vez”.