Ano Novo, metas e listas
Se os calendários não tivessem sido inventados dificilmente a humanidade teria se organizado nos moldes que conhecemos. Abrir e fechar ciclos são formas simbólicas de lidarmos com o cotidiano concreto e, principalmente, com a nossa sede de abstração. Afinal, o futuro é um tempo abstrato; somente os planos para ele podem ser vivenciados no presente.
Nesse processo a intuição pode ser um importante instrumento no jogo da percepção dos caminhos a serem seguidos. O complemento vem no planejamento racional de cada passo a ser dado, que aí tem o mesmo sentido de se caminhar com o auxílio de uma bússola.
O fim do ano se aproxima e é hora de redirecionar os pensamentos e energias pessoais para a próxima temporada de 365 dias – tempo mais do que suficiente para dar prosseguimento ao que já se começou ou mesmo iniciar algo novo. É muito comum durante a euforia das comemorações do dia 31 de dezembro as pessoas prometerem a si mesmas mil e uma realizações, além de mudanças radicais de vida. Normalmente as promessas terminam como as garrafas de champanhe que as motivaram, o que faz deste ritual algo repetitivo, infértil e frustrante. É como aqueles devaneios que muitos gostam de ter ao se imaginarem donos de milhões de reais ganhos na Mega Sena. Neste caso, todos os problemas são resolvidos em cinco minutos ou até baixar a poeira da realidade.
De maneira absolutamente real, é possível organizar metas para o ano seguinte. Para isso é necessário que elas não façam parte daquele rol de desejos impossíveis de ser alcançados nesse prazo e que também não sejam levantadas em número excessivo – o que apenas serve para causar dispersão. Este planejamento pode abarcar tanto os aspectos profissionais e materiais quanto os emocionais e espirituais; de preferência mesclando um pouco de cada para que haja um equilíbrio de ações e de reflexões sobre elas.
Para quem deseja testar em 2012 a eficácia desse tipo de programa de metas, o princípio é o mesmo daquela listinha de compras do supermercado. Ela serve para lembrar o que realmente deve ser comprado e, ao contrário, para que não se encha o carrinho com o dispensável.
O programa deve seguir seis passos básicos: 1- registrar num diário ou em algo que esteja sempre à mão a meta a ser alcançada (isso deve ficar bastante definido para que seja interiorizado); 2- o que é preciso fazer para alcançá-la? (etapa de levantamento dos possíveis caminhos a serem seguidos); 3- quem poderá ajudar a alcançá-la? (pessoas ou outros meios, como instituições especializadas, livros, filmes, que venham a somar a isso); 4- quem poderá prejudicá-la? (estar atento para o fato de que suas metas podem despertar nas pessoas sentimentos de inveja e ou rivalidade, que devem ser neutralizados); 5- sua meta favorece a alguém? (isso pode torná-la mais ampla, nobre e envolvente); e 6- sua meta prejudica alguém? (uma espécie de revisão da meta em sua essência).
É importante ressaltar que este tipo de plano somente é válido se for levado a sério e, na medida do possível, sistematizado no decorrer de sua execução. As várias pessoas que têm o hábito de realizá-lo todos os anos chegam mesmo a fazer outro após seis meses por já terem alcançado o que listaram. Pode parecer um ritual a mais entre tantos que existem por aí, mas seu princípio é bastante simples e racional. Isto não desmerece qualquer busca religiosa e/ou esotérica neste sentido, que podem ser instrumentos interessantes no fortalecimento interior para a jornada do ano novo.