Sou filha da mata das grotas e nascentes
Dos vales e das montanhas, sou fruto e semente
Filha das serras, ecos batidos em montes,
De volta à relva fria, sob o musicar das fontes
Filha dos canaviais e engenhos, ao sabor do mel
E alfenim, me pondo ao por do sol, no espelho da
Água a sorrir. Cabeça deitada, sobre o folhado chão,
Alvura das límpidas águas, que serpenteiam o sertão
Bebi água de minas e poços fundos, ouvi a musica
Do alvorecer, sou parte do igarapé, corrente do olho
D’água, cacimba de beber, sombras das mangueiras
Babaçu e palmeiras, sou parte da ladeira, que me viu
Crescer
Pelos lixos dos quintais, parte de mim deixei em
Busca de quinquilharias e com elas me encantei
Por verdes campos eu corri, descalça a sentir o chão
Entre as sendas e matagais eclodiu minha emoção
Sou flor do campo flor da vida, flor menina e flor
Mulher. Flor de louco, flor da lua, sou nascente da
Maré. Do barro molhado guardo o cheiro e em Deus
Eu guardo a fé. Sou flor de Maria, flor da paz e da
Harmonia, a flor serena que descia pelas águas do
Igarapé
Kainha Brito
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