Kassab quer torrar R$ 400 milhões???
É só isso que Kassab pretende gastar na construção do estádio do Corintians. O engraçado disso tudo é que faltam escolas, hospitais, moradias, saneamento básico, professores mal remunerados, a saúde indo pro saco devido às más condições, policiais sem coletes à prova de bala enfrentando bandidos bem armados, bombeiros arriscando a própria vida por míseros R$ 900,00. Que país é este? Gasta-se milhões para construir uma ponte como a de Água Espraiada, para quê?
A ponte é um verdadeiro cartão-postal e serve de um belo cenário para a Globo que transformou em pano de fundo na exibição de seus jornalecos de meia-verdade feito para atender aos interesses das classes dominantes e dirigentes do país, jornais cujas entrevistas, se feita com alguém do povo ou um trabalhador, dura segundos e ainda é reeditada para ver se convém ir ao ar, já entrevistas cedidas por “homens de negócios” duram tomam razoáveis espaços na mídia global. Uma rede omissa, complacente onde seus jornalistas têm medo de expressar a própria opinião, onde os artistas são controlados e tratados, e se estivéssemos no tempo da escravidão, seriam marcados à ferro com o logo-tipo da Globo.
Marlene Bergamo/Folhapress
Transformar a cracolândia em Nova Luz levará 15 anos; foto mostra usuários de crack na praça Julio Prestes
Quanto custou a construção da Ponte mais linda de São Paulo?
Se gasta tanto com grandes monumentos, enquanto isso há gente do povo morrendo à míngua nos hospitais. Pessoas estão sendo assassinadas à luz do dia, bandidos matando pessoas pelas rodovias sem anunciar assalto, execuções são praticadas a todos os instantes. Por que tudo isso acontece? Por conta da impunidade? Verdade, mas também porque estão torrando o dinheiro público na construção de monumentos. Pequenos bandidos crescem e brotam entre os grossos pilares de concretos desta cidade que se verticaliza para que os ricos e “classe média alta” contemplem a miséria do alto. Embaixo dos viadutos? Não encontramos só catadores de papelão, mas todo tipo de pessoa. Crianças, jovens, velhos e adultos, temos uma formação completa do homo Sapiens sapiens que saiu das cavernas e agora retorna para as “cavernas de concretos” popularmente conhecidos por viadutos. A Luz virou reduto do tráfico, à luz do dia, dezenas de crianças consomem crack todos os dias, dormem ali mesmo pelas calçadas. São oriundas de lugares e famílias diferentes, inclusive estados diferentes, provenientes de bairros vizinhos da grande metrópole paulistana que se encontram ali, como ratos do porão disputando um pequeno espaço demarcado imaginariamente até onde alcançar a ponta do pedaço de papelão ou velho cobertor. Quem chega à Estação da Luz evita olhar para os lados, ou para não se chocar com as horríveis cenas do cotidiano daquele local ou por medo de ser assaltada. Construir um centro de recuperação para os viciados, um local que ao invés de Luz se chame Esperança para as crianças que se encontram na cracolândia seria muito caro para o senhor Cassab e para os políticos que o rodeia. Não é nada gastar QUATROCENTOS MILHÕES na construção de um estádio, em nome de uma causa nada nobre, como ver os jogos acontecendo em São Paulo.
Será que a miséria é mesmo lucrativa para os políticos? Sem dúvida existe algum fundo, algum tipo de verba rolando por trás de toda miséria, de cada submundo e subgrupo e de cada ser subumano fortes interesses mantidos por grupos que não sabem o mal que causam a eles próprios com a manutenção de seus status. Hoje eles ignoram a miséria, não querem repartir justamente os lucros e as riquezas, mas amanhã (ou melhor, hoje mesmo) serão reféns e vítimas daqueles a quem vitimaram primeiro por sua ganância repugnante.
Quando vejo um ser humano embaixo de um viaduto, numa calçada ao relento penso: que evolução foi esta que tivemos? Deixamos as cavernas para quê? Para nos tornarmos mais selvagens na selva de pedra em que vivemos? Para nos tornarmos ainda cada vez mais “lobo do homem”, como definiu Thomas Hobbes? uma vez alcançado o estágio da evolução sapiens) e ganhado da natureza a privilegiada condição de Homm moderno
Estamos há 2011 anos depois do nascimento de Cristo, logo descobrimos que o Homo Sapiens sapiens, mou seja nós, somos mais recentes que se imagina ocupando a face da Terra. As espécies humanas mais primitivas encontram-se no Período Cenozoico há 50 milhões de anos atrás, e se voltarmos à escala da evolução veremos nossos antepassados surgirem no Plioceno, juntamente com outros mamíferos modernos há 50 milões de anos. Em seguida, no Pleistoceno período glaciário entre á 1 milhão 25000 anos a.C encontramos o Pithecantropus erectus, Sinantropus pekinensis e o Homo neanderthalensis e outros primatas, num período mais recente ainda chamado Hloceno há 25 mil anos encontramos raças humanas atuais representadas na figura do Homem de Cro Magnon e outros. Do advento do Homo Sapiens sapiens até chegar ao homem moderno levou cerca de 200 mil anos, portanto, vemos o homem moderno acabando com a vida em questão de segundos. Vidas jogadas no lixo, crianças na rua, brigas no trânsito que resulta na eliminação imediata do outro. Duzentos mil anos para chegar até aqui e ver tudo isso sem fazer uma única reflexão? Os nossos políticos são evoluídos, da espécie humana, do gênero Homo e da família dos hominídeos, seu cérebro é o mais desenvolvido, os únicos capazes de percorrer em 40 mil anos o Estreito de Bering e oceanos para chegar à América e ao Brasil para depois serem consumidos pelo tráfico, pelo crack. Voltamos às cavernas barulhentas, a nossa espécie tenta se refugiar embaixo das cavernas modernas de cimento e concreto nos grandes centros, e como não há cavernas para todos, uns se refugiam nas calçadas, prédios abandonados e praças. Desolados pela miséria, destroçados pelo cruel destino imposto desde o nascimento pelo modelo capitalista e agora com uma realidade ainda mais cruel e o recrudescimento das desigualdades a partir das políticas e governos neoliberais, mais cavernas ainda surgirão com a construção de belos viadutos.
A ponte de Água Espraiada, que serve de cenário à Globo é mesmo linda, um belo cartão postal, obra superfaturada que leva a lugar nenhum nem carro passa por ela, não se vê muitos veículos, então para que foi construída? Para enfeitar e servir de cenário de uma emissora de TV? E agora? Querem construir o Estádio do Corinthians, vão gastar 400 milhões do dinheiro do povo, o Prefeito Gilberto Kassab diz que vai torrar o dinheiro público mais uma vez. Com esses milhões poderia tirar as crianças da cracolândia, construir albergues, abrigos e clínicas para pessoas que precisam de tratamento para desintoxicação, centros de recuperação de viciados para recuperar as crianças. Só que não se quer investir no ser humano, para eles isso é gasto, e pesado e onera o Estado, mais não onera o Estado a construção de monumentos, viadutos, obras faraônicas como estádios de futebol, sediar os jogos olímpicos e da copa. Quantos milhões de jovens se perderão e quantas crianças serão consumidas pelo crack? Quanto continuará ganhando um professor? Qual o salário de um policial? E a saúde? Continuará caindo aos pedaços, cadeias superlotadas, menos escolas e mais bandidos nas ruas, em contrapartida, teremos sim, mais viadutos, mais cadeias, mais pontes, mais estádios (verdadeiros elefantes brancos espalhados pelas grandes cidades como já ocorre na África do Sul) entre outros. Não precisamos de copa do mundo, nem de estádios ou pontes maravilhosas para uma rede poderosa de telecomunicação ficar se exibindo às custas de dinheiro público. Não se vive de programas de cunho tendencioso e ideológico, não se vive de belas telenovelas, não se vive de cimento e concreto, não se vive de grandes eventos como os do futebol e nem de grandes shows. Vivemos de coisas reais, palpáveis e que alimentam. Precisamos de transportes públicos decentes e eficientes, ônibus que não poluam o meio ambiente, menos armas e mais solidariedade, menos pessoas devorando pessoas e se unindo contra a corrupção e a miséria, mais pessoas unindo-se na busca de um objetivo comum, mais pessoas indo para as ruas em protesto contra políticos ladrões e empreiteiras que lavam dinheiro público com obras faraônicas favorecidas por governadores como os de São Paulo (Adersa). Menos pedágios ou nenhum pedágio pelas rodovias, mais pessoas deixando os carros para fazer caminhada pela paz e pela tolerância. Que um dia alcancemos a verdadeira justiça social!