Ilusão: uma força real!
Ilusão é uma fantasia ou explicação que a gente cria na vida... Coisas de criança, de adolescente, de imaturos, de quem não tem pés firmes no chão! É o que certamente afirmariam os convictos.
Mas o que seria na verdade a própria realidade senão outra ilusão? A miragem projetada no sol escaldante do deserto e a sensação protetora do Poder - a partir de um conceito comunitário para manutenção das regras de convivência e comportamentos afins voltados para o bem-estar comum – não existem de fato...
No entanto se expressam de forma tão realista e convincente que a mente aceita e registra pela lógica da razão no período temporal. E esta domina ou predomina... até prova contrária e o conseqüente questionamento da própria razão sobre o que foi antes convencionado e que agora já não é mais aceito – tudo é relativo!
E o que seria a razão senão concepção de imagens pré-concebidas formuladas pela cultura particular de cada um? Uma foto é real? Sim, ela é real! Isso se pode afirmar, pois a temos de forma visível e palpável. E a sua imagem, é real? Não, ela não é real! Ela não passa de uma ilusão visível...
Mas como não, se a temos aprisionada (aprisionamos o quê – um momento que se foi? – mas para onde vai aquele momento aprisionado e por tanto tempo guardado como algo existente?), se podemos levá-la conosco – na medida em que a temos em mãos, se é uma imagem captada e fixada “eternamente”...
Eternamente? O que é eternamente para esse caso específico senão até o momento em que colocamos fogo no papel? E o fogo, é real? Ele queima, não queima? Na verdade ele desidrata... Havendo umidade suficiente ele perde seu poder de ação.
Se pisando sobre brasas comandamos nossa mente de forma adequada, concentramos líquido na sola dos pés e as bolhas não se formam. O fogo seria, então, o contrário da água e por isso queimaria, certo? Certamente... errado!
O gelo também queima, não queima? - ou é apenas metáfora? Mas do que é feito o gelo? Pois é, tudo não passa de sensação – outra ilusão! E no entanto é tão real e tão necessária à manutenção da vida, como mecanismo de defesa...
A ilusão seria, então, a imagem aprisionada, física ou mentalmente, até o momento em que a libertamos – sendo isso bom ou necessário. Mas o contrário também é válido, se construtivo.
Mas, afinal, para que construir algo se o fim de tudo é a desintegração? Porque a desintegração do átomo (menor partícula? – outra ilusão) é o começo de tudo (o Big-Bang não teria começado assim?).
Mas o começo de que neste círculo de ilusões? O começo do vácuo?!!! E esse vácuo, que tamanho teria e para que serviria – para ser simplesmente preenchido? E depois, novamente esvaziado? Talvez não devêssemos fazer essas perguntas... mas por que as fazemos então? Porque temos dúvidas, porque não sabemos nada de quase tudo...
Podemos concluir então que a ilusão não existe, mas é a base para tudo... Esse paradoxo pode confundir as idéias na nossa cabeça... Idéia? O que é isso?... Com certeza algo que não existia até o momento da sua concepção mas que, a partir daí, começa a se formar na mente...
Mas o que seria essa forma senão uma espécie de materialização abstrata e como é possível materializar-se algo num lugar que sequer existe?
Nossos sensores nos dizem que o local físico (cérebro) existe e registra tudo que detecta porque estão de alguma forma ligados a ele, mas na outra ponta estão conectados a quê?
Não sabemos – senão por intuição – mas é lá, com certeza, que estaria a ilusão. Força de expressão, semântica, convenção de signos... Pois é!
Ilusão não seria, então, fantasia na vida; a vida é que talvez seja fantasia e nos mantenha iludidos a respeito de algo que não existe mas nos leva direto ao buraco negro...
Quanta coisa real (posses, documentos, etc) que conservamos por muito tempo, quando não pela vida toda, acreditando ser importante e necessário e descobrimos depois, no final de tudo, ser supérfluo e descartável – existe maior ilusão?
Para que servem as ilusões em nossa vida? No mínimo, para mantê-la mais confortável, para estimular nosso crescimento pessoal, para aliviar as tensões das coisas sérias demais e tornar realizável nossas próprias utopias.
Tudo isso, na verdade, acaba se revelando um círculo vicioso... Nos iludimos com a vida e ela nos mantém iludidos! Somente aqueles que tem tudo (tudo mesmo!) não tem ilusões – eles não precisam delas! E são, provavelmente, os mais infelizes... mesmo que a felicidade não passe mesmo de ilusão (ou talvez por isso mesmo)!