Democracia é Política.
Estamos no limiar do esgotamento do Estado moldado segundo o modelo republicano baseado na democracia de Tomas Hobbe. Não há mais como suportar a hipocrisia desses partidos (sem exceção), que dizem falar em nome do social, mas visando apenas e tão somente, o poder (para controlar, impor, sujeitar e até roubar), como se fossem um bando de animais, onde os indivíduos disputam entre si a posição psedosuperior de macho ou fêmea Alfa. Chega!!! Tudo isso é um engano, tudo isso já era!
Os marxistas foram os primeiros a perceberem com clareza que Estado e governo são coisas distintas. No mundo Ocidental, até então, especialmente antes da ascensão capitalista e na monarquia em especial, Estado e governo eram tidos como uma só e mesma coisa. Os marxistas, entretanto, diziam que o Estado sempre era o Estado da classe dominante. Posteriormente, outros pensadores, com outra orientação ideológica, deram um passo além, eliminando a confusão que se fazia ao se atribuir uma mesma realidade ao poder e ao Estado. Mas foi um filósofo chamado Badiou quem foi mais fundo e mostrou que o Estado só exerce sua dominação segundo uma lei que qualifica uma por uma todas as suas composições estruturais componentes, previamente conhecidas. Porém, antes disto, o Estado ao mesmo tempo em que está absolutamente ligado à representação histórico-social, também está separado dela. Na verdade, o Estado é a garantia de que a sociedade é o resultado de todas as suas partes componentes, e não da consideração de indivíduos ou mesmo de organizações institucionais ou de classe. É a garantia de que o indivíduo não apenas pertence à sociedade, mas é aquele que está incluído nela. Ou seja, o Estado é um coletivo, e as suas partes, sejam indivíduos ou institucionais, são os seus componentes; e nenhum desses componentes, em si, pode representar o Estado como um todo, a não ser a sua própria totalidade. Portanto temos duas conseqüências: primeiro - o pior estado da situação é o da exclusão. A exclusão estatal implica na inexistência histórica daquele que não é socialmente reconhecido; Segundo – a condução do Estado é de responsabilidade da coletividade, não do governo, de políticos, juízes ou de quem quer que seja, individualmente ou organizado em grupo. Ou o Estado é de todos ou não é de ninguém!! Por isto fazem do Estado brasileiro a casa-da-mãe-Joana.
Considerando que Instituições governamentais e não governamentais, sejam civis ou militares, mais o universo dos indivíduos de uma sociedade organizada, são componentes do Estado, mas não são, em qualquer situação de seus termos, a sua representação unívoca, logo a nenhum deles poderia ser dado o poder de representação geral. A ditadura de classe e mesmo a democracia moderna, conseqüentemente, são formas legalmente reconhecíveis, mas ilegítimas, já que o todo é muito maior que qualquer de suas partes. O Estado excede, mas todo e qualquer modo de representação, é deficitário. Por outro lado, não se pode lutar contra o Estado uma vez que toda luta contra ele é uma luta contra a própria sociedade. A vitória sobre o Estado é a dissolução da sociedade. Em contrapartida, a perspectiva da sociedade contra o governo, não só é legítima como perfeitamente possível. Os poderes quer institucionais, quer individuais, numa sociedade ideal, teriam diferenças qualitativas, mas nunca quantitativas. A sociedade não precisa de representantes, pois os seus interesses podem ser manifestados coletivamente, através de uma democracia total (uma demopluscracia).
No Brasil, por exemplo, os tais três poderes representantes do poder republicano (o judiciário, o legislativo e o executivo) são o sintoma mais visível da doença que ataca o nosso estado da situação social. Politicamente falando, eles são sem cor, sem cheiro e sem sabor, mas mesquinhos, corruptos, demagogos e mais uma outra série interminável de impropérios, que reunidos superam quaisquer distintos atos de boa vontade. O poder por eles exercido não depende de qualquer verdade; é a verdade que se encontra sob o jugo do poder; não do poder que ocupa uma categoria a priore que permite desenvolver uma crítica à razão; mas do poder excessivamente animal, que apesar de toda legalidade que o acomoda constitucionalmente, é constantemente burlado em nome de vantagens individuais ou grupais. Daí que este Manifesto se legitima e clama por uma democracia total, em que toda a sociedade (indivíduo por indivíduo) se responsabilize por seus próprios rumos. Como? Através de uma consulta constante sobre todos os temas de interesse social. Já temos tecnologia para isso, já temos as condições históricas para isso, o que falta é a iniciativa, a vergonha na cara, a tomada de responsabilidade. Chega de deixar que uma minoria composta por espertalhões e interesseiros decida pela maioria, sempre silenciosa, sempre indiferente. Não, acorde. Vamos á luta!