Somos todos responsáveis
Quem gosta de política dedica-se a ela com verdadeira paixão; que não gosta dela, entretanto, detesta quem a faz. Quem estaria com a razão? Complicado, porque cada um poderia defender seu ponto de vista com propriedade e gerar um impasse.
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Vivemos num sistema onde impera a lei do poder aquisitivo – um nicho favorável à corrupção. O que a fomenta, porém, é a ganância. O corrupto quer mais do que realmente precisa para esbanjar no supérfluo e ostentar status próprio à sua personalidade doentia. Enquanto isso, o cidadão que sustenta toda essa mordomia com seus impostos vive, sem perceber, como na Era Medieval. Mudam-se os Senhores Feudais, mudam-se os servos, muda-se o clero, isto é, mudam-se apenas as moscas...
Uma reflexão desse tipo seria desalentadora e há, realmente, quem pense assim e acredite nesse quadro como verdadeiro e definitivo. O desafio é descobrir as falhas desse sistema massacrante, determinante e dominador.
Nem tudo está perdido. O povo é que está desorganizado. O Poder emana dele, mas acaba centralizado nas mãos de meia dúzia, porque o povo deixa, ao dedicar-se rotineiramente aos seus afazeres diários onde não incluem a participação política. Acha que isso é coisa de quem não presta e larga nas mãos daqueles que se prestam a isso. Os espertos se regozijam, os ingênuos são manipulados, os fracos comprados, e a comunidade fica submissa. Por isso, no julgamento, consideram todos os políticos como farinha do mesmo saco.
Assim como a maioria tem simpatia por um time sem conhecer seus jogadores e a história do clube ou professa uma religião sem conhecer seu desdobramento na História, assim como respiramos sem cuidados com a atmosfera e preservação do pulmão, assim vivemos numa sociedade rica pelos nossos próprios recursos, abundante pela nossa própria capacidade e abandonada ao seu próprio destino por negligência nossa...
Para alguém tentado à corrupção, só existem duas palavrinhas: sim ou não. O sim é um caminho sem volta ou de difícil retorno; o político que se envereda por ele está de rabo-preso. Está amarrado, comprometido e inseguro... Sem contar que aquele que se vende não vale o preço pago!
Para quem resiste, entretanto, a situação é inversa. Seu mundo é outro, sua postura é firme, sua segurança inabalável. Tudo vai bem, quando as pessoas de bem se interagem. Quando a maioria comunga o bem comum, prevalece a construção. Ou a reconstrução de um mundo melhor.
O resto é demagogia para se ganhar eleição.