É opcional escrever hum ao invés de um?

“O hábito faz o monge” e “o cachimbo deixa a boca torta” são dois ditados populares em decadência, quase em desuso.

Enquanto alguns leitores ainda se lembram deles, aproveito estes lugares-comuns da sabedoria popular para ilustrar alguns casos de pequenos truques contábeis que, de tão frequentes, as pessoas passam a usar indiscriminadamente.

Um exemplo é o uso de “hum” no lugar de “um” ao preencher um cheque.

Transcrevo um texto que encontrei no site Yahoo Respostas que explica bem a questão:

Melhor resposta — Maninha - Escolhida pelo autor [Velho Riozinho] da pergunta

Voce usa HUM mil com H somente no inicio do cheque, isso é exatamente para evitar fraudes, o algarismo pode ter rasuras, mas o extenso não pode. Imagine um cheque de 1.500,00 é muito facil voce colocar um outro numero na frente do 1 podendo transformar em 21.500/11.500/31.500/ e assim sucessivamente....

agora no extenso

um - voce pode colocar na frente do um vinte e um, trinta e um e ai vai..... hoje tem gente capaz de tudo..... e falsificar gente e muito facil......

Velho Riozinho: Quando usamos algarismos podemos colocar um traço antes e outro depois, como no exemplo que já te foi dado:

-1.500, 00- etc., etc..

Ou ainda repetir R$1.500,00-

Mas quem é que ainda usa cheques?

(Mantive o texto original para mostrar outra pérola da moderna comunicação humana: o jargão internético.)

Outro truque contábil é a eliminação de espaço entre o cifrão e o número, também no caso de dinheiro.

A tradição contábil é excluir este buraco para evitar que algum espertinho o use para acrescentar um algarismo na frente.

Mas o hábito tornou-se tão comum que a maioria das pessoas escreve o texto retirando este espaço, juntando o cifrão com o algarismo.

Mais um truque contábil para dificultar fraudes era escrever em letras grandes e uniformes, preenchendo todo o espaço entre duas linhas.

Prática então comum nos lançamentos contábeis.

Conheci um contador à antiga, seu João Loureiro, que usava a técnica até com a própria assinatura.

Vinte ou 30 anos atrás ele trabalhava num órgão do serviço público que controlava a entrada e saída dos servidores através de um relógio de ponto.

Neste relógio, o funcionário acionava uma alavanca que abria uma lingueta e, simultaneamente, registrava a hora numa fita de papel.

O funcionário lançava a assinatura em frente ao horário.

Seu João, com uma letra muito bonita e estilosa, preenchia todo o espaço aberto pela lingüeta, seguindo à risca os manuais informais de segurança contábil.

São apenas três exemplos de atos defensivos com a finalidade de dificultar a ação dos falsificadores.

Consequência do excesso de malandros existente nesta terra cabralina.