Professora, eu acho que sou homossexual!


Não sei como definir o gênero deste texto.

Estou respondendo ao desafio de Márcio Cunha, contando uma passagem da minha vida como professora.

Em 1993, eu lecionava Ciências e Matemática numa classe de alunos da 5ª série.

Eu tinha muitos alunos, mas um, em especial, sempre chamava a minha atenção.

Vou chamá-lo de A, por motivos óbvios.

Os professores notavam algo “diferente” em A. Ele não brincava com os meninos, não tinha interesse pelas meninas (coisa natural aos 12 anos para um menino).

A. sempre foi muito achegado a mim. Dizia que eu era sua professora favorita. Ele gostava de desenhar roupas e calçados. Eu dizia e ele que deveria seguir carreira de estilista.

Ele gostava de Artes e certa vez, perguntou se eu não iria com ele a uma galeria.

Conversei com os pais dele e levei o aluno a uma galeria de artes da minha cidade.

A visita corria tranqüila. A. estava divertindo-se muito (Sua mãe o mantinha muito em casa, quase nunca saía. Foi um milagre ele deixar A. sair comigo).

O menino disse-me que queria muito falar comigo. Então, fomos para um belo jardim que havia (há) junto ao prédio.

Sentamo-nos à sombra e ele soltou-me uma exclamação:

_ Professora, eu acho que sou homossexual! Tu podes explicar-me como eu posso ter certeza?

Confesso que percebia no garoto trejeitos afeminados, mas naquela idade eu não sabia se a preferência sexual já estava definida.

Como professora de Ciências, conversei com ele o que eu sabia e como podia falar a um garoto de 12 anos, ingênuo, sobre homossexualismo.

Disse a ele que com o tempo, ele saberia se era ou não homossexual, entre outras coisas que não vou relatar agora.

Passou o tempo, terminou o ano escolar e A. trocou de escola e eu também.

Em 2008, recebi um pedido de adicionamento no Orkut. Era A. Homossexual assumido.

Casado e estilista de profissão.

Fiquei muito feliz, pois nunca me esqueci dele. Homossexual ou heterossexual, ele é uma pessoa feliz, de bem com a vida...

E eu também. Despida de preconceitos, sejam eles quais forem. Vendo o ser humano como ser humano.

Opção sexual cada um tem a sua. O importante é ser feliz e fazer os outros felizes também.

Dignidade já!

Beijos A.Tu moras em meu coração!!!!Tua sempre amiga,Denise


 Em resposta ao desafio de Márcio Cunha

* Desafio vocês então a escrever sobre HOMOSSEXUALIDADE, críticas e reflexões de qualquer natureza, tendo o posicionamento que for. Gostaria de ler poemas e crônicas sobre o assunto.