AUTO-ESTIMA DESTROÇADA
O professor em frangalhos
Não há mais prazer em ser professor em São Paulo. O descaso dos governos, e agora pior com o atual tem levado os professores e professoras das escolas estaduais de São Paulo níveis impressionantes de stress. Como se fosse deus, o governo limitou até o direito de ficar doente, se é que isso é direito. Ou seja, ele determinou que o professor só pode ficar doente uma vez por mês, se ficar mais que um dia doente, só poderá apresentar um único atestado médico. Afastamentos? Os médicos da perícia já foram previamente orientados a negar qualquer tipo de afastamento, porém, além de desumano, é inconstitucional, pois todo cidadão tem direito à saúde física e mental. As doenças mais comuns e que está colocando em xeque a profissão-professor tem sido mesmo uma só doença: o descaso do governo. Disso decorre a insustentável situação de violência praticada por alunos frutos da progressão continuada que não querem mais saber de estudar, pois sabem que freqüentando a escola eles passam de ano. Como conseqüência do descaso político que levou a redução de escolas temos salas superlotadas com 55 alunos, principalmente nas periferias. O resultado negativo de tudo isso reflete na saúde do professor: síndrome do pânico, forte depressão, stress tem levado muitos aos hospitais. As faltas aumentaram. Tudo isso, porque o governo nem pensa em diminuir a carga horária de trabalho dos professores. Quem agüenta dar 40, 55 e até 60 aulas? Por que não reduz para 25 horas aulas sendo 20 com os alunos e 3 HTPCs e 2 atividades livres sem reduzir o salário? Porque não diminui para 20 à 30 alunos por séries? Como fica um profissional que passa a semana inteira numa escola trabalhando mais de 40 horas para ganhar uma merreca? O trabalho intelectual provoca um maior desgaste mental levando muitos a se internarem para tratamentos psiquiátricos. Agora esse governo quer piorar ainda mais a situação. Veja:
Desde a introdução das mudanças na educação com a nova LDEN 9394/96 e as reformas colocadas em prática.
Desde o 3 de agosto de 2009 que vem sendo denunciado pela presidente do sindicato as funestas intenções do governo que insiste em acabar com a categoria dos professores da rede estadual. É falta de inteligência e ingerência de um governador que não sabe reconhecer as falhas que vieram prejudicando a qualidade do ensino ao longo de um processo perverso implantado desde 1993 com o governo Mario Covas até o atual. Ao prejudicar o ensino, os professores também estarão sendo prejudicados em suas carreiras e os alunos, afetando toda comunidade. Assim, o caos vai se instalando da escola para os bairros, dos bairros para as cidades, das cidades para os estados e dos estados para o país. Viu como é que um governo pode destruir uma nação? Acabando com a educação. Como assim? Veja o processo de degradação do ensino começou no Estado de São Paulo:
• Primeiro, o presidente era Fernando Henrique Cardoso que assume a presidência da República com o compromisso de fazer vigorar e consolidar a política neoliberal, cujos interesses estão voltados para o capital especulativo, as multinacionais aos interesses norte-americanos.
• Nesse contexto é que se criou uma Lei Federal para a educação- LDBEN 9394/96, mas para aprovar a nova lei, ressuscitaram Darcy Ribeiro que estava doente e morrendo aos poucos com um câncer terminal, eles o retiraram do hospital e o levaram em cadeira de rodas para aprovar a nova lei de autoria desse senador. A educação precisava de um novo herói!
• Terceiro passo, o governo de São Paulo do mesmo partido de FHC não teve dúvidas em iniciar o processo de reformas educacionais sem fazer debates com setores ligados a educação. Os professores foram ignorados!
• Quarto passo, para implantar a reforma era preciso enxugar a máquina, ou seja, cortar gastos com a educação, então logo de cara foram mais de 40 mil professores para a rua.
• Quinto passo, terceirização de setores do ensino como merenda e funcionários como inspetores de alunos e criação de frentes de trabalhos de 6 meses.
• Sexto passo, introdução dos CICLOS I e II, progressão continuada e municipalização do ensino fundamental.
• Sétimo passo foi deixar de lado o Ensino Médio com o FUNDEF e o fim progressivo do supletivo hoje denominado de EJA já com o propósito de colocar jovens no lugar dos adultos até que esse curso seja substituído pelo Regular a noite. Daqui a quatro ou cinco anos o EJA deixará de existir, pois a prova do ENCEJA já tem esse objetivo, fazer com que se eliminem matérias desocupando logo os prédios escolares, assim, serão menos os gastos.
• Oitavo passo da destruição da educação: o governo trata a categoria com desprezo e discriminação jogando com a fragmentação dos profissionais que atuam na educação. Como se faz isso? Através da ilusão de que os professores devem melhorar suas atuações sob a pressão de ter que prestar uma “provinha” de caráter difuso, confuso e duvidoso e que não garante dignidade profissional, fere o plano de carreira e não respeita a categoria. A prova terá bibliografia de concurso, mas não efetivará ninguém, para os OFAS é só para ver se terão direito a pegar aulas na atribuição do início do ano; para os efetivos, é para ver se terá direito a ter um aumento de até 20% nos salários. E o DISSÍDIO que está na lei? Ah, o governo não sabe o que é dissídio, alguém tem que explicar para ele.
A prova é o golpe fatal, por quê? Porque essa medida acaba com no Plano de Carreira do professor, e destruindo isso, destrói a sua dignidade, sua esperança e seus sonhos de continuar na educação. Basta dizer que pelas novas medidas os novos efetivos que antecedem o período de 5 anos não poderão fazer a prova para fins de remuneração, tem que ter de cinco anos acima. O outro golpe é que se o professor tiver menos de três meses em uma escola, mesmo sendo efetivo, não poderá fazer a prova, já que se removeu. Vê que burrice governo comete e que desrespeito aos professores: o cara trabalhou anos e anos em uma mesma escola, mas por conta da tal da municipalização não pôde ficar mais na mesma escola, e por conta disso perde o direito a fazer a prova. Absurdo!
É por isso que lemos essa denúncia do sindicato dos professores de São Paulo:
“A APEOESP tomou conhecimento, através de setores da imprensa, de que o governo estadual pretende encaminhar à Assembleia Legislativa (Alesp) projeto de lei criando nova forma de evolução salarial para o magistério da rede estadual de ensino, alterando assim o plano de carreira da categoria (Lei Complementar 836/97). Segundo as notas publicadas, o governo criaria cinco faixas salariais, nas quais os professores evoluiriam através de provas aplicadas a cada três anos, beneficiando 20% dos efetivos do quadro do magistério estadual.
O governo estadual insiste em formular e divulgar medidas educacionais de forma fragmentada, sem debater com a categoria. No caso presente vai além: ignora a comissão paritária governo-entidades prevista na LC 836/97 para regulação da evolução na carreira pela via não-acadêmica, fruto da nossa luta, inclusive através da derrubada, na Alesp, do veto aposto pelo então governador Mário Covas a esse dispositivo.” (Maria Izabel Azevedo Noronha é presidenta da APEOESP (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial de São Paulo)
A educação será melhor quando o governo tratar melhor os professores. Sem professor não há educação, sem educação não existirá cidadão nem profissional competente. O juiz foi um dia aluno, idem o médico, o policial, o advogado, o gerente, o empresário, o eleitor e o operário. Todos um dia tiveram que passar por um PROFESSOR, embora até o governador um dia foi aluno, já deve ter esquecido, já que trata os professores como se não fossem nada empurrando goela abaixo dessa categoria as medidas indecentes que prejudicam a vida desses profissionais. O desrespeito ao Plano de Carreira dos professores será o fim!