POR TRÁS DO “GRITO DO IMPIRANGA”: Independência ou...
Hoje está completando 177 anos do grito rouco dado às margens do rio Ipiranga, foi uma farsa. Basta observar o quadro da Independência elaborado por Pedro Américo. Embora o autor do quadro tenha o pintado anos depois, sei lá se sem quere, mas o pintor acabou revelando a mentira que foi a tal da independência do Brasil. Observe no encontro das tropas. A tropa portuguesa vem ao encontro da tropa de D. Pedro, uns estão com espadas erguidas (para simular uma luta que não ocorreu) e outros soldados estão com CHAPÉUS EXTENDIDOS. Eles estão saudando uns aos outros como que celebrando a farsa que teria dado certo. No dia em que visitei o museu da Independência no Ipiranga mostrei aos alunos a farsa. Enquanto as tropas se saudavam, uns peões observam bestializados sem entender bulhufas o que estava acontecendo, à direita do quadro um negro de chapéu e roupas simples à frente o carro de boi olha atônito. Deve ter se perguntado: “O que será que está acontecendo”? Na verdade não estava acontecendo nada, eram apenas as tropas “inimigas” se saudando. Não houve derramamento de sangue, não houve uma revolução nem uma guerra, não houve combate que justificasse o dia da Independência. Mas o mito do herói é fortíssimo na cabeça do brasileiro que acredita mesmo que D. Pedro teria traído a sua pátria. Jamais. Tudo não passou de um jogo político entre as elites compostas de proprietários rurais e comerciantes que vinham pressionando D. Pedro para que fizesse ele sozinho mais uma minoria a Independência do Brasil. Foram cerca de 8 mil assinaturas recolhidas no abaixo assinado feito por José Bonifácio entregue a D. Pedro em 29 de novembro de 1821, com certeza não havia assinatura de escravos nem de pobres brancos, não havia a assinatura do índio nem das mulheres (independente da classe, as mulheres estavam fora das discussões políticas da época), enfim, aquelas assinaturas eram de apenas 2% da população da época, porque, 98% estava excluída de qualquer processo ou tomada de decisões importantes para o país. Portanto, a independência é uma farsa, uma mentira que as elites conseguiram passar para a população como verdadeira. Há um livro de Humberto Eco e Marisa Bonazzi que fala dos atos de heroísmo mentirosos, forjados para iludir as pessoas. A obra deixa bem claro que para enfiar o sentimento patriótico goela a baixo de um povo há relatos de cenas incríveis de soldados que na guerra acionava o gatilho até com os dentes, claro que era um exagero. As mesmas mentiras permeiam o mito da independência brasileira, as mesmas mentiras permeiam os nossos heróis. Mas um povo IDÓLATRA e alienado não consegue enxergar essas mentiras por trás do mito, não aprendeu a ler essas mentiras nas entrelinhas da História mal contada e pessimamente ensinada nas nossas escolas de ensino fundamental e médio. É por isso que alguém disse...
Fragmento 1
Mentiram-me.Mentiram-me ontem
e hoje mentem novamente. Mentem
de corpo e alma, completamente.
E mentem de maneira tão pungente
que acho que mentem sinceramente.
Mentem, sobretudo, impune/mente.
Não mentem tristes. Alegremente
mentem. Mentem tão nacional/mente
que acham que mentindo história afora
vão enganar a morte eterna/mente.
Mentem.Mentem e calam. Mas suas frases
falam. E desfilam de tal modo nuas
que mesmo um cego pode ver
a verdade em trapos pelas ruas.
Sei que a verdade é difícil
e para alguns é cara e escura.
Mas não se chega à verdade
pela mentira, nem à democracia
pela ditadura.
Fragmento 2
Evidente/mente a crer
nos que me mentem
uma flor nasceu em Hiroshima
e em Auschwitz havia um circo
permanente.
Mentem. Mentem caricatural-
mente.
Mentem como a careca
mente ao pente,
mentem como a dentadura
mente ao dente,
mentem como a carroça
à besta em frente,
mentem como a doença
ao doente,
mentem clara/mente
como o espelho transparente.
Mentem deslavadamente,
como nenhuma lavadeira mente
ao ver a nódoa sobre o linho. Mentem
com a cara limpa e nas mãos
o sangue quente. Mentem
ardente/mente como um doente
em seus instantes de febre.Mentem
fabulosa/mente como o caçador que quer passar
gato por lebre.E nessa trilha de mentiras
a caça é que caça o caçador
com a armadilha.
E assim cada qual
mente industrial?mente,
mente partidária?mente,
mente incivil?mente,
mente tropical?mente,
mente incontinente?mente,
mente hereditária?mente,
mente, mente, mente.
E de tanto mentir tão brava/mente
constroem um país
de mentira
—diária/mente.
Fragmento 3
Mentem no passado. E no presente
passam a mentira a limpo. E no futuro
mentem novamente.
Mentem fazendo o sol girar
em torno à terra medieval/mente.
Por isto, desta vez, não é Galileu
quem mente.
mas o tribunal que o julga
herege/mente.
Mentem como se Colombo partindo
do Ocidente para o Oriente
pudesse descobrir de mentira
um continente.
Mentem desde Cabral, em calmaria,
viajando pelo avesso, iludindo a corrente
em curso, transformando a história do país
num acidente de percurso.
Fragmeto 4
Tanta mentira assim industriada
me faz partir para o deserto
penitente/mente, ou me exilar
com Mozart musical/mente em harpas
e oboés, como um solista vegetal
que absorve a vida indiferente.
Penso nos animais que nunca mentem.
mesmo se têm um caçador à sua frente.
Penso nos pássaros
cuja verdade do canto nos toca
matinalmente.
Penso nas flores
cuja verdade das cores escorre no mel
silvestremente.
Penso no sol que morre diariamente
jorrando luz, embora
tenha a noite pela frente.
Fragmento 5
Página branca onde escrevo. Único espaço
de verdade que me resta. Onde transcrevo
o arroubo, a esperança, e onde tarde
ou cedo deposito meu espanto e medo.
Para tanta mentira só mesmo um poema
explosivo-conotativo
onde o advérbio e o adjetivo não mentem
ao substantivo
e a rima rebenta a frase
numa explosão da verdade.
E a mentira repulsiva
se não explode pra fora
pra dentro explode
implosiva.
(Fonte: http://www.releituras.com/arsant_implosao.asp)
Este poema foi publicado em diversos jornais em 1980. Ele serve para ilustrar o modo como o brasileiro é enganado, não só quando estuda os fatos passados, mas também os atuais. A INDEPENDÊNCIA foi uma farsa, uma história mal contada, mentira deslavada que todos engoliram sem ter a mínima participação, nem mesmo no abaixo assinado de Bonifácio do “Dia do Fico” o povão participou. O Grito da Independência saiu meio rouco e poucos escutaram, é por isso, que enquanto uma minoria abastada vive “Deitada eternamente em berço esplêndido, ao som do mar e à luz do céu profundo“, a maioria da população vive jogada às traças à margem do sistema e da sociedade, são milhões de jovens, crianças e velhos, brancos, negros e índios todos estamos no mesmo barco furado de uma economia e um sistema capitalista injusto e selvagem, feito para poucos como o nosso país cuja bandeira também representa a elite, haja visto, que o próprio lema “Ordem e Progresso” foi extraído da filosofia positivista burguesa da França e transposta para a linda bandeira verde e amarela, azul e branca repleta de símbolos da maçonaria. Até hoje, 2009, completam-se 177 anos que “O Sol da liberdade em raios fulgidos” não brilha no céu da pátria para a maioria. Até esse instante a palavra liberdade não saiu do papel para fazer valer o direito da maioria de ter uma casa, emprego, terra para plantar e moradia e o básico para sobreviver. Liberdade sem condições de sobrevivência não é liberdade! Salve lindo pendão da esperança!