EVASÃO ESCOLAR
EVASÃO ESCOLAR – 18/02/2002 – Livro: Talibã
A imagem da escola foi comprometida por causa dos desistentes do supletivo que, justificadamente ou não, influíram negativamente no índice da evasão escolar e prejudicaram, conscientemente ou não, os alunos do ensino regulamentar que, se considerados independentemente, assegurariam um índice ideal, dentro dos padrões pré-estabelecidos.
A evasão escolar faz parte do contexto social e, como tal, sugere análise específica e é motivo para reflexão. Seu índice é considerado pelo governo para liberação de recursos e benefícios às escolas, assim como pelo FMI para liberação de verbas para o governo federal.
Por isso, se denunciamos a corrupção e a improbidade administrativa de nossos políticos e governantes, precisamos avaliar, também, nossa parcela de responsabilidade naquilo que nos diz respeito direta ou indiretamente, enquanto cidadão participativo numa comunidade.
Ninguém compreende a profundidade do drama alheio se não sentí-lo na própria pele - mesmo que superficialmente. Por isso, é importante aproximar-se do processo e sentir na prática os efeitos da teoria ou condições às quais estamos subordinados.
A escola do Jardim Nídia teve no ano 2000 uma evasão de 13%. Era muito, considerando-se a média de 4,5% do estado. A meta da direção para 2001 foi baixar drasticamente esse índice. Desafio que exigia empenho e criatividade. A escola foi, então, atrás desse objetivo. Cada falta, no ensino regular, era analisada, o aluno faltante entrevistado e as famílias visitadas, para conscientizá-las da importância da freqüência do aluno nas aulas.
Um levantamento superficial mostrava, no final do período, que o índice baixara para 3,5%. Ótimo! Superou as expectativas! A escola ia, finalmente, receber biblioteca, vídeo e dez computadores.
As crianças estavam contentes, os funcionários satisfeitos, a diretoria realizada e o governante feliz. Porém, um balde de água fria veio, de onde menos se esperava, para congelar a euforia.
O Supletivo – justamente onde se concentram alunos amadurecidos e supostamente mais conscientes, apresentou o índice absurdo de 20%. Pronto! Todo o trabalho com o ensino regular foi por água abaixo. A média geral do índice de evasão da escola foi novamente para as nuvens e adeus biblioteca, adeus vídeo, adeus computadores...
Por isso, ao perguntar a um aluno por quê ele deixou de comparecer às aulas e obter como resposta que o problema é dele, precisamos conscientizá-lo de que ele está inserido num grupo e faz parte do desempenho de uma equipe. Sua ação individual influi na personificação desse grupo. É como numa corrida de revezamento de 400 m. Se um componente deixa cair o bastão no seu trecho de 100 m, a equipe perde a corrida.
Assim, um aluno inscrito no Supletivo, ou no Regular, é um número a mais que vai fazer a diferença. E é importante, mais do que tudo, ter consciência disso! E participar, efetivamente, do processo – não como espectador, apenas, mas como elemento de peso nas decisões governamentais que incidem diretamente na nossa qualidade de vida.