EFEITOS DESTRUTIVOS DO MAL, segundo Boécio.

A visão de que as ações malignas têm um efeito destrutivo no malfeitor tem sido abordado por inúmeros estudiosos do assunto, dentre eles Boécio, filósofo do século V.

De acordo do Boécio, um indivíduo determina o próprio caráter em virtude das ações que realiza; por isso, cabe a ele melhorar ou piorar o caráter dependendo das decisões tomadas e das ações realizadas. O mal sempre será autodestrutivo para o malfeitor, apesar das aparências contrárias, embora essa autodestruição não alivie o mal das vítimas do mal feitor. Boécio, diz que o mal é “parasítico” do bem, uma caracterização que ele toma emprestado de Santo Agostinho. Segundo Agostinho, o bem é anterior ao mal.

O mal não é uma coisa que existe por si; o mal existe como um parasita do bem. Por exemplo, o amor que uma mãe sente por um filho, é bom. Mas seu hábito de ceder a todos os caprichos e desejos do filho a ponto de mimá-lo é ruim. Nesse sentido mimar o filho é um exemplo de um amor de mãe errado. Ela não pode mimar o filho sem antes amá-lo. Seu amor pelo seu filho, porém, desviou-se a ponto de não conseguir mais impor limites aos seus desejos infantis. O ato de mimar o filho é um parasita de seu amor por ele.

Outras ações malignas podem ser explicadas de modo semelhante. Agostinho sugere que uma maneira de interpretar o mal como um parasita do bem é encarar algumas ações malignas como o resultado de se evitar os bens maiores em favor de bens menores.

Boécio aplica a definição agostiniana do mal como parasita do bem à sua prórpia visão da natureza humana. Segundo Boécio, os seres humanos diferem dos animais porque possuem a capacidade do pensamento racional. Além disso, os seres humanos tem a habilidade para controlar racionalmente seus desejos físicos e direcionar todo o seu comportamento para o bem maior. Na visão de Boécio, o bem maior para os seres humanos é a felicidade. Os seres humanos podem, no entanto, buscar a felicidade das mais variadas maneiras. Boécio afirma que a pessoa boa busca a felicidade por meio da virtude, que para Sócrates é a predisposição para se fazer o bem, enquanto a pessoa má procura por meio de outros desejos, desejos perversos, doentios.

“Ora, o bem maior é a meta do homem bom, quanto do homem mau, mas os homens bons a procuram por meio do exercício natural das virtudes, enquanto os homens malévolos tentam adquiri-lo por meio de algum desejo, e não da faculdade natural de alcançar o bem”.

Boécio diz que a felicidade, por ser boa, não pode ser alcançada por meio de atos malignos.

A felicidade só pode ser alcançada por meio da atividade virtuosa. Pelo menos um efeito do mal no malfeitor é impedi-lo de alcançar sua meta suprema na vida: A VERDADEIRA FELICIDADE. Porque quando o malfeitor faz o mal ao outro, ele fere não as pessoas apenas, mas a si mesmo, agindo de uma maneira que impede a própria felicidade.

edivaldopinheiro
Enviado por edivaldopinheiro em 19/07/2009
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