Os psicopatas estão entre nós!

Bem recentemente tomamos ciência de alguns fatos relacionados com os principais líderes de uma denominação neo-pentecostal, acusados de lavagem de dinheiro, estelionato, falsificação ideológica e que, para complicar mais suas vidas, foram presos em um aeroporto dos Estados Unidos, ao tentarem entrar no país com cinqüenta e dois mil dólares sem terem sidos declarados na alfândega. A desculpa que eles deram foi que houve “erro” no preenchimento dos papéis referente ao fato.

Líderes a algum tempo dessa confissão religiosa, tornaram-se “modelo” de como se constrói um “império” usando seu carisma, suas estratégias de marketing, o nome de Deus e, principalmente a crendice popular. Hoje estão “presos” nos Estados Unidos esperando julgamento e, embora, não estejam numa prisão comum, é como se estivessem, pois vivem vigiados 24 horas, em face de terem em seus tornozelos um sensor que monitora seus passos. O problema é: quando eles saírem da prisão o que farão? Mostraram arrependimento? Certamente que não, muito pelo contrário, vão dizer que foram vítimas da inveja dos outros, do diabo. E certamente, usando de sua inteligência, darão belas desculpas para justificarem como construíram o império deles. Se “seus” bens não forem confiscados. O caro leitor entenderá porque ao concluir a leitura deste texto.

Diante de tais fatos, o que explicaria esse tipo de comportamento, isto é, o que leva uma pessoa a se camuflar, manipular, a depreciar nossas instituições públicas, a abalar nossa confiança nas pessoas e levar vantagens sobre o outro?. Segundo Francisco Ramos de Farias, psicanalista e professor adjunto da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, basta ser humano para ser potencialmente um “assassino”. Logicamente, sua colocação não é tão generalista quanto parece e, nessa perspectiva, segundo ele, é possível compreender que todas pessoas são suscetíveis a cometer atos moralmente condenáveis – desde que os instrumentos lhe sejam fornecidos, daí o contexto religioso, em especial, o evangélico, ser um meio bastante promissor para esse tipo de “assassino”.

Esses “assassinos”, pelo perfil que têm, são conhecidos como psicopatas.

Os indivíduos com traços psicopáticos são pessoas que agem somente em benefício próprio, não importando os meios utilizados para alcançar seus objetivos. Além disso, são desprovidos do sentimento de culpa e dificilmente estabelecem laços afetivos com alguma pessoa – quando o fazem é por puro interesse..

Usando uma metáfora podem ser chamados de “camaleão”. Nome aplicado a várias espécies de repteis sáurios do gênero “Chamaelo [..]. Pessoa com habilidade de mudar de atitudes, adaptando-se, em cada caso, a mais vantajosa.

Por que o camaleão é uma boa metáfora para o psicopata? Porque o conceito de réptil sáurio nos descreve o mais essencial desse personalidade: sua capacidade de evitar emoções humanas mais genuínas e ergue-se como uma metáfora do mal. Dessa forma a ausência de qualquer preocupação com o bem estar dos outros, a crueldade e a insensibilidade emocional poder ser considerados como próprios de uma “estado reptiliano”. O psicopata, dessa forma, converte-se no mais perfeito predador da própria espécie.

Ora, acima de tudo a psicopatia, é uma condição relacional, cuja ruptura com os códigos morais constitui suas características mais distintivas: na vida cotidiana do psicopata estão ausentes as mínimas habilidades que lhe permitem estabelecer uma relação sincera, previsível e plenamente humana.

A expressão mais violenta da psicopatia é a conduta criminosa: os delitos mais cruéis na maioria das vezes são cometidos por sujeitos psicopatas. No entanto, a maior parte desse grupo não é formada por delinqüentes ou por indivíduos que delinqüem com suficiente intensidade ou freqüência para serem capturados ou processados. Trata-se de pessoas que, graças a seus “encantos pessoais”, enganam, manipulam e arruínam as finanças e as vidas de todos aqueles que têm a má sorte ou a imprudência de se associarem, pessoal ou profissionalmente, a eles.

As pessoas biologicamente predispostas à psicopatia exibem uma conduta extremamente cruel e criminosa em muitos ou na maioria de seus comportamentos.

Dessa forma pode-se afirmar que:

1. Muitos comportamentos que atualmente qualificam-se de “incompreensíveis” são obras de psicopatas. Vou tentar neste texto explicar quem são eles e porque fazem o que fazem.

2. Os psicopatas criminais são muitos perigosos. Constituem os delinqüentes mais violentos e estão presentes em muitos casos de agressões de mulheres e crianças, assassinatos em série, violações sistemáticas e multirreincidentes. É preciso dispor-se a identificá-los e a fazer um esforço para que recebam atenção adequada.

3. Muitas outras pessoas são psicopatas e não se dedicam ao crime. Podem viver em nosso prédio, ser nosso marido, esposa ou amante, nosso filho, nosso colega de trabalho, um político, um pastor, um padre... É vital compreender isso, enxergar a magnitude do problema.

4. Os psicopatas que não são delinqüentes habituais adaptam-se a muitas circunstâncias, se acamuflam, manipulam, depreciam nossas instituições públicas, abalam nossa confiança nas pessoas e são capazes de nos levar ao inferno em vida. Estão especialmente preparados para desprezar as necessidades dos demais e são capazes de machucar e maltratar sem piedade; por isso, constituem um dos maiores desafios à humanidade no século XXI.

5. Esse sujeito nos apresenta uma imagem de pessoa preocupada consigo mesma, cruel e sem remorsos, com uma carência profunda de empatia e incapaz de formar relações cálidas com os demais, uma pessoa que se comporta sem as restrições que impõe a consciência. O que se destaca nesse sujeito é a ausência das qualidades essenciais que permitem aos seres humanos viver em sociedade.

6. Há uma predisposição à psicopatia. Parece difícil contestar essa opinião com dados científicos que temos até agora. Por isso é fundamental lembrar que o meio social que construímos para viver juntamente com os nossos filhos pode ser de vital importância para inibir de forma relevante esse fenômeno, ou para fomentá-lo e gerar o que alguns autores chamam de “uma sociedade psicopática’”.

À luz das definições acima percebemos que há pessoas que sofrem da mesma doença de alguns assassinos em série e também de certos políticos, lideres religiosos e executivos. São “assassinos”, não como o maníaco do parque ou Jack “o estripador”. Mas todos sofrem do mesmo problema: uma total ausência de compaixão, nenhuma culpa pelo que fazem ou medo de serem pegos, além de inteligência acima da média e habilidade para manipular quem está a sua volta. Diria que o psicopata é um predador da própria espécie.

Costumamos chamar pessoas assim de monstros, gênios malignos ou coisa que o valha. Mas para a Organização Mundial da Saúde (OMS) eles têm uma doença, ou melhor, uma deficiência. O nome mais conhecido é psicopatia, mas também se usam os termos psicopatia e transtorno de personalidade anti-social.

Com um nome ou outro, não se trata de raridade. Entre os psiquiatras, há consenso quanto a estimativas surpreendentes sobre a psicopatia. “De 1% a 3% da população tem esse transtorno. Entre os presos, esse índice chega a 20%”, afirma a psiquiatra forense Hilda Morana, do Instituto de Medicina Social do Estado de São Paulo (Imesc). Isso significa que uma pessoa em cada 30 poderia ser diagnosticada como psicopata. E que haveria até 5 milhões de pessoas assim só no Brasil. Dessas, poucas seriam violentas. A maioria não comete crimes, mas deixa as pessoas com quem convivem desapontadas. Eles andam pela sociedade como predadores sociais, rachando famílias, se aproveitando de pessoas vulneráveis, lideres religiosos tem feito isso de forma exarcebada, deixando a carteira vazia dessas pessoas por onde passam.

Os psicopatas que não são assassinos estão em escritórios por aí, muitas vezes ganhando uma promoção atrás da outra enquanto puxam o tapete de colegas. Também dá para encontrá-los de baciada entre políticos que desviam dinheiro de merenda para suas contas bancárias, entre médicos que deixam pacientes morrer por descaso, entre “amigos” que pegam dinheiro emprestado e nunca devolvem. Entre líderes religiosos, que usam da crendice popular, da ignorância dos incautos para prometer-lhes o que não podem prometer; para garantir-lhes o que não podem garantir, enquanto vão esvaziando seus bolsos e suas carteiras, pois eles tratam as pessoas como coisas.

É importante saber que seja como for, não é fácil identificar um psicopata, pois psicopatas não têm crises como doentes mentais: o transtorno é constante ao longo da vida. Outras funções cerebrais, como capacidade de raciocínio, não são afetadas. Algumas características, entretanto, são evidentes.

CARACTERÍSTICAS DE UM PSICOPATA ASSASSINOS OU NÃO

1. Charme: charme acima da média, capacidade de convencer qualquer um e ausência de remorso. Tem facilidade em lidar com as palavras e convencer pessoas vulneráveis. Por isso, torna-se líder com freqüência. Seja na cadeia, seja em multinacionais, seja na igreja.

2. Inteligência: o QI costuma ser maior que o da média: alguns conseguem se passar por médico ou advogado, pastor, padre sem ter, sequer concluído o ensino médio.

3. Ausência de culpa: não se arrependem nem tem dor na consciência. É mestre em colocar a culpa nos outros por qualquer motivo. Tem certeza de que nunca erra. Eles só têm o que os psiquiatras chamam de proto-emoções – sensações de prazer, euforia e dor menos intensa que o normal.

4. Espírito sonhador: vive com a cabeça nas nuvens. Mesmo se a situação do sujeito estiver miserável, ele só fala sobre as glórias que o futuro lhe reserva.

5. Habilidade para mentir: não vê diferença entre sinceridade e falsidade. É capaz de contar qualquer lorota como se fosse a verdade mais cristalina. É como se eles entendessem a letra de uma canção, mas não a música. Esse jeito asséptico de ver o mundo faz com que um psicopata consiga mentir sem ficar nervoso, sacanear sem sentir culpa e, em casos extremos, retaliar um corpo com o mesmo sangue frio de quem separa as asinhas do peito de um frango assado.

6. Egoísmo: faz suas próprias leis. Não entende o que significa “bem comum”. Se estiver tudo bem para ele, não interessa como está o resto do mundo.

7. Frieza: não reage ao ver alguém chorando e termina relacionamento sem dar explicação.

8. Parasitismo: quando consegue a confiança de alguém, suga até a medula. O mais comum é pedir dinheiro emprestado e deixar para pagar dia 31 de fevereiro.

MALDADE OU DOENÇA?

Para que possamos responder a essa pergunta é importante que conheçamos três tipos de anormalidade.

A primeira inclui a idéia do comum ou freqüente, ou seja, do que é estatisticamente habitual com relação ao fenômeno que estamos descrevendo.

A segunda inclui a idéia de que a normalidade tem outro significado, dessa vez no âmbito moral: é anormal o que repudia a nossa moralidade, o que ofende nossa sensibilidade.

Uma terceira interpretação de normalidade é: a médica, psiquiátrica ou psicológica. Aqui “normal” significa que o individuo sabe que o faz e que fazê-lo, que suas faculdades psicológicas não estão alteradas por questões de nascimento ou circunstâncias.

A pergunta fundamental é: a pessoa que comete atos anormais do ponto de vista moral e (geralmente) estatístico, é necessariamente um doente mental, alguém que “deve estar louco”. Nesse sentido perguntamos: os líderes da denominação mencionados neste texto, são doentes mentais ou loucos, que ao tentar entrar nos Estados Unidos se esqueceram de anotar que levavam 52 milhões de dólares e não 10 como disseram? Por que esse é, com efeito o ponto. O psicopata é alguém com uma personalidade peculiar, mas sabe o que faz e se desdobra em consegui-lo. Seus atos não são o produto de uma mente desequilibrada e, sim, de uma decisão racional, calculada, combinada com uma surpreendente incapacidade para tratar os outros como seres humanos, como seres dotados de pensamentos e de sentimentos; de manipular, ludibriar, enganar. Essas condutas moralmente incompreensíveis, exibidas por uma pessoa aparentemente normal, nos deixa com uma profunda sensação de raiva e impotência.

Diferentemente dos psicóticos, os psicopatas são plenamente racionais e conscientes do que fazem e porque fazem. O comportamento deles é resultante de uma escolha, realizada livremente.

Edivaldo Pinheiro Negrão

Psicólogo e palestrante na área da Educação Emocional

e-mail: e-pn-2007@hotmail.com

edivaldopinheiro
Enviado por edivaldopinheiro em 11/07/2009
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